quarta-feira, 21 de outubro de 2009

The little things... there's nothing bigger, is there?

Eu amo detalhes. Eu amo lembrar do jeito que você se vangloriava por coisas bobinhas, e como você se esforçava tanto pra chamar minha atenção. Eu lembro com detalhes de como você escolhia cuidadosamente as palavras pra expressar seu medo de me perder, quando você achava que me tinha. Me lembro muito bem do jeito como vc piscou pra mim da fila do cinema, do jeito engraçadinho de como você andava, de como você se esforçava pros seus um metro e noventa e cinco caberem nos meus um metro e cinquenta e cinco quando eu te abraçava.
Me lembro muito, muito bem da sua pele arrepiada quando a gente sentava no concreto ainda quente de final de tarde e eu te fazia carinhos na nuca. De como você olhava nos meus olhos tentando me descobrir e sempre me falava que eu era uma caixinha de surpresas. Você sabia que me desarmava, e fechava os olhos pra ouvir minha voz nervosa falando das coisas sobre as quais eu não sei falar. Nessa hora, uma mecha do seu cabelo cacheado castanho escuro cairia sobre o seu olho e eu a tiraria de lá tentado te tocar o máximo que eu pudesse. Você fechava os olhos quando ouvia música e fechava a sua mão esquerda em forma de concha, como se fosse você o guitarrista. Seu terno caro te era perfeito sob aquela luz daquele salão, e me lembro como se fosse ontem da sua boca borrada do meu batom vermelho. Sua aliança, mesmo que no bolso, sempre me incomodou.
Ah, eu vou sempre lembrar dos seus cílios loiros, da sua testa tão branca, dos seus olhinhos brilhando de admiração quando falava do seu pai. Vou sempre lembrar de como você me puxava forte contra si, como se nunca quisesse me largar, e como mordia forte meu lábio inferior.

Não é das pessoas, nem das situações, mas dos detalhes, e só dos detalhes, que eu sinto tanta falta.
O que me consola é que nessa vida eu vou ter muito do que lembrar.