quinta-feira, 28 de março de 2013

Sobre te procurar em todas as camas

Te vi através do cômodo lotado de pessoas e música e suor. Te vi porque sua altura te permite ser encontrado com facilidade, e porque você dançava daquele jeito tão conhecido de quando dançamos juntos há alguns meses atrás. Teu cabelo loiro quase comprido demais e teus olhos muito azuis realmente me transportaram por alguns minutos pra outros braços. Desejei imensamente estar naquela praia com outrem.
Um tanto mais pro sul, te encontrei por trás de óculos que eu não reconhecia. Os cabelos e os olhos ainda estavam ali, por mais que acompanhados de um sotaque diferente. Mas as mãos macias que passeavam pelo meu corpo enquanto assistíamos as nuvens decobrirem as estrelas daquela noite me davam mesmo a sensação de serem as mesmas mãos macias de um julho ensolarado em outro continente.
E teu sorriso encontrei disfarçado por um semblante deveras diferente. A barba escura, o cabelo emaranhado, os olhos perdidos nada tinham a ver contigo. Mas lá estava teu sorriso aberto e sincero e ousado, que me guiavam pro escuro que eu não queria compartilhar com ninguém mais além de você.
Te carrego pra todo lado como guia, como carma e como grande amor.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Amor não é coisa que acaba

Hoje eu fui ao teu encontro.
Contrariando o meu comportamento anterior e constante, eu saí de casa com a intenção de te ver. De encontrar teus amigos, se fosse preciso, de cruzar com a sua nova menina, se necessário fosse pra te ver. Saí com a mesma roupa que dormi toda a tarde e pensei em nice things to say enquanto dirigia até você.
Mas a vida carrega a gente por caminhos estranhos. Te ver, a principio, não foi ver o meu companheiro de dois anos. Aquele que me carregou nas costas sob um céu de estrelas, aquele que me olhava no fundo dos olhos domando o agressivo nato, exalando o doce. Te ver retratando amor em um palco me fez ter certeza do que já não somos. As tão conhecidas brigas sobre isso ou aquilo, os ultimatos, as palavras que doem mais ainda do que socos e chutes, e também a cama, já não são parte das duas pessoas que nos tornamos.
Daí te ver despido do teu personagem me fez te reconhecer. Amor não é coisa que acaba, eu sei. Fui arrogante com esse amor durante algum tempo, fui descrente e espalhei ele por lugares aos quais ele não pertencia. Fiz desse amor fantasma e tratei-o como uma sombra, uma ausência, uma lacuna de uma passado tão distante. Mas hoje, ele estava ali: no fundo dos teus olhos, ele estava como sempre esteve. Teu abraço já não era apertado e talvez tuas palavras não fossem mais honestas como já foram, mas o amor estava tão sincero como sempre. Tão intenso e tão evidente como sempre.
Teu amor hoje me salvou. Me buscou pela mão e me mostrou o lugar de alguma coisa perdida. Me sussurrou no ouvido que era infinito e que por isso nunca mais faltará amor na minha vida. Me disse que há alguém que agora acredita na felicidade e que espera que ela ocupe a minha vida também.
Encarei teus olhos pelo quantidade de tempo exata para ser ideal. Senti tuas mãos abraçarem as minhas, me virei e fui embora sem dizer adeus. Ao caminhar para o carro revivi algumas memórias bonitas, o dia que nos conhecemos, o dia que conheci seus pais. E agradeci ao universo por não haver nada nesse mundo que retire dos teus ouvidos as palavras que já lhe disse.
Cheguei em casa sem você, mas com uma verdade difícil de admitir: Eu também te amo e sempre vou te amar. Porque amor não é coisa que acaba, que some, que gasta, que volta invertido. Amor fica pra sempre dentro do universo dentro de nós. Ainda bem.