sábado, 31 de dezembro de 2011

2011 e a necessidade de pontos finais

Dois mil e onze. Eu fui quem eu deveria ser.
Assumi todas as responsabilidades que meus 18 anos me deram, mesmo que eu não precisasse. Me coloquei na posição que achei que me era esperada, passei no vestibular, me tornei uma universitária, tirei a carteira e vivi a minha própria vida, aos moldes do que me disseram pra viver. Talvez pela primeira vez eu tenha realmente tido o direito de tomar minhas próprias decisões, e eu estive pronta pras consequências delas a minha vida inteira. Fui ruiva. Fui infeliz e fui pra terapia.
Não dá pra dizer que foi um ano ruim, porque eu esperei estes dezoito anos para viver isso: a minha própria vida. Não dá pra explicar a sensação de perceber isso, ontem, ao completar meus dezenove anos; fui como uma criança que foi autorizada a comer os doces que estavam na mesa há anos, me tentando. Me esbaldei à princípio, me arrependi depois e fui colocada no meu lugar pela vida. Me tornei uma pessoa diferente daquilo que eu gostaria de dizer ter sido, e eu o vi acontecer.
Vivi muito, mas vivi tudo aquilo que queriam que eu vivesse. E foi extremamente doloroso e educativo.
Em agosto, porém, eu tomei a decisão de viver o que eu desejava, de ser quem eu sequer tinha coragem de ser.
Tranquei a faculdade, vou passar 3 meses imersa em mim mesma e no meu plano de ser pra depois, dia 31 de março, entrar em um avião com destino final em Barcelona. Meu namorado fica, minha mãe fica, e meu avô provavelmente fica pra sempre.
Em dois mil e doze, tudo que eu desejo é ir embora pra levar o amargo das nossas vidas.
E voltar para trazer o doce.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Eu nunca me apaixonei por você

E tenho certeza que deveria ter me apaixonado. Por toda a atenção que eu não merecia, por todos os elogios que definitivamente não me cabiam. Pela forma como você me olhava e me desejava. Todos os dias. Eu deveria ter me apaixonado naquele dia em que você me abriu a porta da sua casa, do seu quarto, me ofereceu sua cama e sua companhia nela. Ou naquele outro em que você me ofereceu teu casaco, pra, na verdade, eu te abraçar. Eu deveria ter me apaixonado naquele dia em que você decidiu o que a gente iria almoçar. Porque você o fez de novo, e de novo, e de novo. Você me ouviu falar de todos os outros e viu minhas paixões e despaixões. Você me falou tudo que eu deveria ouvir, mesmo que não fosse tudo que você desejasse dizer. Você segurava minha mão para caminhar.
Eu deveria ter me apaixonado naquele dia de chuva, quando eu me apaixonei por outro.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

muita, muita saudade;

Do que ainda quase não passou. Estou colocando um fim em uma fase da minha vida. E fins me apavoram, despedidas me desesperam, desde sempre. E a perspectiva de ir embora sem me preocupar com o que eu deixo pra trás, apesar de extremamente interessante em uma esfera teórica, me vem na prática como uma evocação ao sentimentalismo que eu venho tentando evitar.
Claramente sem sucesso.
Em resumo, tenho saudades imensas das coisas na minha vida que já tiveram um fim. E, como eu fiz na maioria das vezes, este vai ser mais um sem o nó apropriado que deveria atar as sequencias da minha história. Eu pareço finalizar as coisas da minha vida sempre assim, deixando um pedaço de mim na tentativa de não sentir mais nada do que já passou. E só esquecer.
Claramente sem sucesso.