domingo, 30 de dezembro de 2012

20 anos


Logo no início do ano, descobri o To Resolve Project. Sua proposta é simplesmente transformar as listas de resoluções de ano novo- que muitas vezes só vêem a luz do sol no dia primeiro de janeiro- em layouts bonitos. Um deles era esse. E em janeiro deste ano, life was not good. E imersa numa tristeza enorme, eu fiz a mala e me lancei ao que eu acreditava que poderia me fazer verdadeiramente feliz. I changed something e fui verdadeiramente feliz.
E depois eu voltei.
E disse a hundred thousand times pra quem sempre esteve aqui que voltar é o mais difícil. Que tudo muda dentro da gente, mas até o cheiro de casa é o mesmo, e voltei pra mesma insatisfação.
E talvez essa infelicidade seja crônica. Talvez eu me veja insatisfeita em qualquer lugar e talvez eu viva uma vida fugindo da imensa infelicidade que me assombra de repente, num dia de calor na minha cama brasiliense. Talvez não seja me mudar de cidade, ou de namorado, ou de família.
Mas a minha única resolução de ano novo este ano é mudar algo sempre que eu sentir que life is not good.
Porque neste ano, e pela primeira vez, eu tenho a sensação de que se eu fechar os olhos, eu sempre vou ter uma lembrança gostosa pra invocar. E não quero, não pretendo viver pra sempre das lembranças de Barcelona. Meus sonhos mal cabem em mim, e eu só tenho que me lembrar, de vez em sempre, que a felicidade custa somente o preço de sair do comodismo da minha tristeza.
A felicidade depende de mim.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Fuck me.

el 3 de junio, en una noche de lluvia, yann tiersen tocaba esta canción delante del arc de triumph, yo tenia una estrella en la mano, las que ahora llamo de familia conmigo y esperaba a alguien que me llevaria a casa y todo estaba bien.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Trouble

Uma vez você esteve na minha vida. Duas vezes por semana, durante um semestre, fomos o mais próximo de um casal que eu havia sido. Sua letra está por todo o meu livro, em pequenas e bobas coisas que me faziam feliz. Eu sentava com as pernas sobre as suas e a aliança enorme que você carregava no dedo fazia pouca diferença, seu charme me enfeitiçava e o professor bem me avisou que você partiria meu coração.
A verdade é que naquele dia de chuva, no que você me deu seu casaco com o cheiro do teu perfume caro, e conversou comigo como se tudo que importava era eu, eu soube: you are trouble.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dieta

Tudo se complicou agora.
Por isso só te lancei todos os olhares que guardei pra mim quando você parou de me ver. Há algo doce em você que me falta no meu sangue. Te carreguei durante o dia como mais um dos problemas sem solução, mais uma das circunstâncias que se fosse outra... Por um momento, te imaginei espalhado pela minha vida, teu olhar sobre cada uma das minhas loucuras e teu sorriso pros meus exageros, te desejei em memórias que eu ainda vou ter, e quis o que não tive coragem de querer quando você estava aqui, sentado do meu lado, me assistindo responder todas as coisas apropriadas às suas afirmações inapropriadas. 
Depois te guardei em tinta nas páginas de um caderno, e agora espero essas palavras se perderem entres as folhas, junto com as palavras dos outros que se perderam. E amanhã, só vou te lançar todos os olhares que guardo pra mim quando você parar de me ver. 
Te desejo tanto porque não posso te ter.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

auto-sabotagem

Eu sou muitas coisas e sinto muitas coisas, e tenho certeza que não é aqui, assistindo essa aula de quarta feira de manhã que eu vou encontrar aquilo que eu tô procurando. Sou intensa e sou claramente a mistura de muitas coisas, o que me faz um tanto exótica. Fiquei com os genes mais podres da inteligência emocional, isso é certo, mas é isso que me faz viver, que me guia por dias difíceis, que me faz ter vontade de respirar, a certeza de que a felicidade é tão infinita quanto a tristeza.
eu sou um monte, mas eu não consigo dizer.
Toda minha voz some ao saber que alguém do lado de lá do oceano vai julgar cada uma das minhas palavras, cada uma das minhas linhas. Tudo isso que eu tenho certeza que há dentro de mim se reduz à página branca quando eu penso que os próximos anos da minha vida dependem exclusivamente do que eu estou imprimindo nela.
Eu me duvido tanto quanto sinto, quanto sofro, quanto sou exótica, quanto tenho genes podres. E encarar essa dúvida é meu fantasma, e se medo tem alguma utilidade, gostaria de saber qual é a desse que eu sinto me prender, me fazer menor do que eu realmente sou. Minha auto-sabotagem não tem razão de ser.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Elephant in the room

You are the truth i try to ignore, that goes unaddressed, that i pretend i forgot. You are there, smelling like coconut, behind my shampoo, you are there when i wake up alone in the queen size bed, you are there when i'm having a nice meal, or just some wine. You are there when i go to the beach, when i buy colored shoes, when i think about being somewhere else.
And you're gone, but your blue eyes stayed, looking at me sweetly, making me remember to smile.
But here, i never smile.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Você não é daqui.

Esses teus olhos verdes pousaram em mim naquela manhã e desde então eu já não quis ir embora, e não foram eles, nem só seu português enrolado que te entregava, teu sorriso não é como o da gente daquele pedacinho do mundo. Sabe-se lá como você acabou desse lado do balcão, mas ainda bem que você esteve ali, derrubando os papéis pra encontrar um pouquinho de mim, e contando os minutos pra sentar-se do meu lado. A vida estava bem sob teu olhar.
Gostaria que você tivesse ficado.

sábado, 20 de outubro de 2012

18 de outubro

de 2009. Domingo de chuva. O céu caía naquele dia de ensaio, e deixei o colégio com desejo de me deixar molhar. Eu desejava que a chuva levasse tudo, inclusive meu coração partido, e tive certeza de que nada permaneceria depois desse dia primaveril. Tudo passa, eu me repetia, todos os encontros casuais, os ais e os hão de ser.

Nenhum de nós imaginou que aquele encontro de olhares nos seria tão importante e muito menos o por quanto tempo continuaríamos desejando os olhos um do outro. Mas as coisas já não são como eram, e não tenho desejo algum de que sejam. Crescemos, meu bem, e já somos capazes de andar em direções opostas, mesmo que com alguma mágoa, alguma dor.

Neste dezoito de outubro, você já não estava na minha vida. E eu gostaria de te dizer as coisas que eu acho que você quer ouvir: as dores pelas quais eu passei por conta da sua ausência e as músicas que eu já não posso ouvir porque me remetem a ti. Gostaria de te dizer que talvez nossas vidas se encontrem de novo e que eu espero que possamos viver mais um milhão de noites escondidos do mundo, compartilhando até o ar. Gostaria de dizer que eu sinto muito pela vida ter me tirado de ti.

Mas a verdade é que eu escolhi ir embora. E nós que achamos que nunca íamos, no final, assim como todos os casais e todos os pra sempre, eu e você também passamos.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Correios

Uma carta me esperava quando voltei do doce Rio de Janeiro. Uma carta que dava apenas as instruções de dirigir-me aos correios para buscar um pacote que só poderia ser entregue em mãos.
Trezentos lugares dentro de mim se encheram de esperança com essa instrução. Esse pacote poderia vir de qualquer canto do mundo, e assim eu esperava: que ele viesse de outro canto do mundo. Minha imaginação me levou aos dias mais doces de amizade e aos amores mais tenros e distantes. Fui até as palavras que me deram conforto e que agora já não estão e busquei na memória cada rosto que poderia ter lembrado de mim por motivo nenhum. E é claro que, enquanto eu dirigia, tocava no carro aquela música que me transporta pra outro tempo da minha vida.
O pacote turned out to be uma encomenda que eu já não esperava havia tempos. E me serviu pra lembrar que nenhum desses nomes que eu esperei ver escrito na caixa de remetente me enviaria coisa alguma por nenhum motivo. I'm impossible to forget, but i'm hard to remember.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Carolzinha

Te liguei com o choro entalado na garganta e disse alô com a voz mais doce que eu encontrei. Pensei nas milhares de vezes que usei esse mesmo telefone como o consolo das minhas dores e meus auto-julgamentos. Ninguém até aquele momento havia conseguido me dizer algo que fizesse a dor pesar menos e por isso apelei pra ti.
Sua voz soou como aquela que me ligava há quase três anos. Há tempos tua felicidade não é tão transparente, tuas palavras não são tão esperançosas. Há tempos não te escuto falar com carinho de outra mulher.
Nunca te ouvi falar com carinho de outra mulher.
E eu que buscava as palavras que eu queria ouvir e ninguém mais me diria, não as recebi. Ao invés, me vieram aquelas da pessoa sensata que nenhum de nós éramos juntos. "Você vai ficar bem" eu ouvi do mundo inteiro, e por mais que me matem o ciúmes e a saudade, talvez seja por isso que você tenha se tornado um ponto final. Agora eu bem sei que eu me tornei também um ponto final pra ti.
Já não há motivo pra saber esse número de cór.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

As escolhas

Eu esperava algo extraordinário. Eu espero algo extraordinário, encontrar-te na esquina de qualquer rua porque você me procurava. Receber tua ligação falando que ainda se lembra do que fomos, falando que  já basta de não sermos. Ou receber tuas simples palavras: as que dizem que todo esse tempo você sentiu o mesmo: sentiu que não fazia sentido se outra pessoa não fosse capaz de te fazer tão feliz quanto eu fiz. Que você não esqueceu de como eu te fazia dormir, como minha pele cheirava a coco.
Como meu olhar te era doce.
Porque eu não consigo esquecer. E todos os dias eu tenho que fazer a escolha de não te escrever, não te contar sobre tudo que acontece dentro de mim, não pensar por tempo demais que acabou.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Haunted

Ainda não consigo esquecer de como você me puxava pra perto no meio da noite. Não consigo esquecer os seus olhos colados em mim. Tem algo que continua não me deixando dormir em noites como essa, e tô quase certa de que é a falta do seu cheiro, a falta do seu corpo ocupando o lado esquerdo da cama de casal.
Espero ansiosa pelo tempo em que a cor dos seus olhos já não me seja tão óbvia, que a sua pele já não me seja tão viva.
Já não posso viver atormentada pelo teu fantasma. Assombrada pelo verão enquanto tento dormir numa noite fria de inverno.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O amor que trago, que não deixo

Comecei o dia lembrando de como foi acordar naquele hotel. Tínhamos vista pro mar, tínhamos todo o tempo do mundo. Você dizia que se eu tivesse que ir embora pela manhã, você não deixaria: me enrolaria no teu corpo e me prenderia com toda a força.
 Eu nunca quis ir embora.
Agora eu estou em Brasília, e temos um oceano nos separando. Um oceano e uma vida. Minhas coisas estão espalhadas pelo chão do quarto que eu já não quero ocupar, meus olhos assistem todos os dias ao pôr-do-sol desse lado do mundo, mas ainda não cheguei. Ainda estou em um dia de sol na Tossa de Mar. Ainda estou com você.
Sempre vamos estar em Barcelona.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

B,

Existem mil coisas que quero te dizer, que pensei em te contar enquanto em Londres eu tomava meu chá inglês. Chá preto, meu tipo de chá. Vou voltando pra mim também, b, conforme vou me aproximando do Brasil e de tudo que deixei aí; e a chuva que caía aqui devia ser a mesma que caía aí, pra nos lembrar que mesmo com o oceano que nos separa, a gente divide o mesmo mundo.
Nunca duvidei que teu amor era tua sorte. E teu amor me é inspiração também.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

I don't have to leave anymore

What I have is right here. Era uma meia verdade. Eu tive imensa saudade de ti no primeiro mês em que você não esteve, e te procurei em todos os corpos, em todos os rostos. Me procurei por toda parte, procurei aquilo tudo que você sabia sobre mim em todas as pessoas. E obviamente não encontrei. Não encontrei porque já não carrego comigo o que fui. E não encontrar nem a ti e nem a mim me fez sentir infeliz e sozinha. Me fez querer dormir pelo resto do tempo que eu estivesse sem ti. Me fez sentir falta de cada pedacinho, de cada cheiro e gosto teu. E me fez perceber que a saudade de ti era bem maior que a saudade de mim mesma. Já não podemos ser nós dois como éramos sem que eu seja. Agora eu me encontrei de um jeito engraçado. Encontrei quem eu queria ser. E agora deixo com desapego àquilo que já tive como tão precioso. Te deixo. E ainda sinto tua falta, sinto nossa falta. Mas como uma memória boa que já não pode ser revivida, já não quer ser revivida. E se algum dia nossas duas vidas, duas entre sete bilhões, se reencontrarem, estou certa de que será como se fosse a primeira vez.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Eu só quero que você saiba que eu estou pensando em você

Faz agora quase um mês. E quero ir até sua casa e te abraçar tão forte e te dizer que te quero. Quero ir te buscar pra que você venha comigo e não contra mim. Quero te ver sorrir pra mim. A quantidade de cartas guardadas na minha prateleira não contém a quantidade de coisas que quero te dizer e sequer um décimo do que eu sinto todos os dias. Da saudade e da solidão que a tua ausência me faz sentir. Estou pensando em você. O tempo inteiro, por todas as cidades, por todas as camas, por todas as festas. Estou pensando em você. Nos seus presentes, nas suas reações, nos seus julgamentos. Estou pensando em você e em todas as coisas que eu odiei enquanto estive aí e que agora eu adoro. Que agora eu amo, porque te fazem vivo em mim. Te deixei porque me deixei. E não me quero resgatar, mas já não posso estar sem ti.

domingo, 25 de março de 2012

há tempos

Há tempos meu quarto não via a luz do sol, os raios brancos de luz refletidos no lago que batem na minha janela por longas horas no dia. Há tempos meu quarto só via a escuridão, espalhada pela parede, deitada na cama, acariciando todos os objetos, os meus objetos, os meus livros, os meus lápis de cores. Os dezenove anos que acumulei.
Hoje o quarto viu muito sol, logo pela manhã. E aos poucos eu fui tendo o impulso de esconder tudo dentro dos armários e proteger tudo que é meu dessa sensação estranha de calor. de carinho. Tudo foi limpo com os produtos mais cheirosos. Tudo foi colocado convenientemente em seu próprio espaço confortavelmente escuro dentro das gavetas. As paredes rosas brilhavam, os móveis vazios respiravam finalmente depois de tanto tempo cobertos pela minha carga. Se via as almofadas, se via a estampa da cômoda, se via a cor da bancada. Não me via.
Não havia eu mesma em lugar algum do meu próprio quarto. Não havia nada sobre a minha vida no meu próprio abrigo.
Eu achei que por ir embora eu gostaria de me despedir do que eu sou aqui, do que sou hoje. Do que sou. Mas eu me enganei.
Os lápis de cores voltam, a aquarela da bancada também. As fotos na parede, as tranqueiras nos espaços vazios, as miniaturas, os livros, as brochuras, as lembranças. Tudo é meu. Tudo sou eu. E quando eu voltar eu quero me sentir aqui de novo.
Não vou ficar pra sempre em Barcelona.

Eu estou indo pra voltar.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Memória de dor, de lágrimas e de algo que preenche meu coração.

É morto. 77 anos e saúde, exceto por um câncer avassalador que foi lhe roubando a vida devagarinho. Devagarinho. Primeiro tomou sua independência, depois seu próprio ar, e logo nada mais lhe pertencia, a si mesmo. Ao seu ser.
Ditian é morto fisicamente, mas ele já se foi há tempo, quando primeiro essa doença o possuiu. Ele mesmo nunca possuiu doença alguma. Depois disso, ele foi apenas presença, companhia pro seu carrasco, escravo do corpo que hoje, às 13:40h o alforriou.
Liberdade, vovô.
Nem céu, nem limbo. Inferno nem cogito. Nem reencarnação.
O lugar pra onde você foi se chama liberdade.

Se eu pudesse colocar mil vezes a tag amor, essa seria minha última homenagem a ti.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

make me feel your love.

O mundo inteiro me engolia, eu sentia milhões de coisas ao mesmo tempo e você, apesar de não entender, o sabia. E não dá pra dizer que eu era infeliz, mas era definitivamente perdida. Mas, no momento em que você colocou seus olhos em mim, não teve dúvidas de onde pertencíamos. Nós dois. Você estava disposto a mergulhar comigo na tempestade que pertencia unicamente a mim, e se entregar aos desesperos e arrependimentos que eu carregava. Não havia nada que você não faria por mim, e eu não pude entender o que era não estar sozinha.
Não havia nada que você não faria pra eu sentir teu amor.

Você estava na fila do cinema e piscou pra mim. Eu sorri, e percebi o quanto fazia sentido estar naquele momento e sentir aquilo que eu senti. I'm sorry i changed my mind.

domingo, 8 de janeiro de 2012

2012, atordoamento e mais fim.

Minha cabeça tem duas mil e doze vozes, iradas umas com as outras, cada uma com dois mil e doze motivos para me enlouquecer, para me tirar do lugar, para me impedir de dormir. Dois mil e doze calafrios por dia, duas mil e doze lágrimas.
trezentos e cinquenta e sete dias para viver.