sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Carolzinha

Te liguei com o choro entalado na garganta e disse alô com a voz mais doce que eu encontrei. Pensei nas milhares de vezes que usei esse mesmo telefone como o consolo das minhas dores e meus auto-julgamentos. Ninguém até aquele momento havia conseguido me dizer algo que fizesse a dor pesar menos e por isso apelei pra ti.
Sua voz soou como aquela que me ligava há quase três anos. Há tempos tua felicidade não é tão transparente, tuas palavras não são tão esperançosas. Há tempos não te escuto falar com carinho de outra mulher.
Nunca te ouvi falar com carinho de outra mulher.
E eu que buscava as palavras que eu queria ouvir e ninguém mais me diria, não as recebi. Ao invés, me vieram aquelas da pessoa sensata que nenhum de nós éramos juntos. "Você vai ficar bem" eu ouvi do mundo inteiro, e por mais que me matem o ciúmes e a saudade, talvez seja por isso que você tenha se tornado um ponto final. Agora eu bem sei que eu me tornei também um ponto final pra ti.
Já não há motivo pra saber esse número de cór.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

As escolhas

Eu esperava algo extraordinário. Eu espero algo extraordinário, encontrar-te na esquina de qualquer rua porque você me procurava. Receber tua ligação falando que ainda se lembra do que fomos, falando que  já basta de não sermos. Ou receber tuas simples palavras: as que dizem que todo esse tempo você sentiu o mesmo: sentiu que não fazia sentido se outra pessoa não fosse capaz de te fazer tão feliz quanto eu fiz. Que você não esqueceu de como eu te fazia dormir, como minha pele cheirava a coco.
Como meu olhar te era doce.
Porque eu não consigo esquecer. E todos os dias eu tenho que fazer a escolha de não te escrever, não te contar sobre tudo que acontece dentro de mim, não pensar por tempo demais que acabou.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Haunted

Ainda não consigo esquecer de como você me puxava pra perto no meio da noite. Não consigo esquecer os seus olhos colados em mim. Tem algo que continua não me deixando dormir em noites como essa, e tô quase certa de que é a falta do seu cheiro, a falta do seu corpo ocupando o lado esquerdo da cama de casal.
Espero ansiosa pelo tempo em que a cor dos seus olhos já não me seja tão óbvia, que a sua pele já não me seja tão viva.
Já não posso viver atormentada pelo teu fantasma. Assombrada pelo verão enquanto tento dormir numa noite fria de inverno.