sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Qual o valor de um laço sanguíneo?

Não converso com meu pai há mais de um ano, e moramos juntos. Não sei quem é o meu irmão, e moramos juntos.
Não compartilhamos de hábitos, não fazemos refeições juntos, não me sinto confortável na companhia deles. Eles igualmente não sabem do que eu gosto, não sabem o que eu penso, eu não sei com quem eles se relacionam e o que eles desejam. Somos desconhecidos. Exceto pelo fato de termos o mesmo sangue, por termos compartilhado o mesmo gene;
Quão importante é essa ligação?
Tradicionalmente, aceitamos relacionarmos com pessoas de quem não gostamos pela obrigação de confirmar os laços sanguineos em um plano social. Aprendemos desde pequenos que não importa o que seu pai ou irmão te faça, é imprescindível que você os ame e que esteja errada e arrependida em favor deles. Somos adestrados para sermos submetidos a todos os traumas e frustrações gerados dessa relação sem poder levantar questionamentos, simplesmente porque devemos à essas pessoas os cromossomos herdados.
Eu neguei isso.
Me condene agora! Por ter sofrido e continuar sofrendo por nunca ter superado certas imposições, certos acontecimentos. Me condene por sentir medos e tristezas incoerentes por culpa deste sangue.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

There are many of us.

Me encontro no estado mais nervoso em que já me encontrei desde os meus 10 anos, quando fiz o que minha mãe chamava de vestibulinho. Falo rápido, bato os pés em um tique nervoso constante, sinto meu coração pular pela boca com toda expiração. Preciso decorar hormônios, preciso aprender plantas, me esqueci o cálculo da assíntota, elétrica é puta difícil, meus pensamentos estão rápidos demais.
E isso poderia ser bom. Pra qualquer pessoa que não fosse pós-graduada em transformar sentimentos diversos em depressão. Quero chorar porque eu não sei tudo. Quero rir por ser tão desgraçada a situação de não lembrar de alguma coisa que eu já soube. Quero esquecer que as coisas mudaram tanto dentro de mim e que eu me adaptei à situação que sempre reprovei.
Não tem jeito, é minha conclusão disso tudo.
O mundo é uma merda e tem seu próprio curso. E não há alternativa, para pessoas ordinárias, senão adaptar-se àquilo que se é imposto.
Durante os últimos 6 meses, não li uma página de história, menos ainda de filosofia. Meu senso crítico foi pro ralo junto com o meu tempo de ler assuntos sobre os quais é interessante conversar. As bandas que eu ouço são as mesmas que eu ouço há 6 meses. Nem sei o que aconteceu com os artistas que eu sempre admirei. Não sei o que aconteceu com as pessoas que eu sempre admirei. Tudo aquilo que fazia parte de mim parou durante 6 meses pra que outras coisas que nunca me interessaram entrassem no lugar.
E eu gosto de física, gosto de biologia. Quase gosto de matemática.

Não sei mais quem é Banksy. Já posso mudar meu layout.
(não sei mais o que sou eu. Sou como os outros no fim das contas. Já posso parar de tentar.)