quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sobre estar

Não queria estar aqui. E todas as minhas decisões, todo o meu turbilhão de sentimentos, toda a minha raiva e frustração refletem a minha falta de desejo de estar aqui.
Aqui, nesta cadeira, neste momento, com a mente mais viajada que os pés.
Carrego em mim a mesma decepção que minha mãe carrega para si, trinta anos mais velha, e tenho um medo infinito de estar pra sempre desejando não estar
aqui, nesta cadeira, neste momento, com a mente mais viajada que os pés.
Gostaria de não ser ordinária.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Qual o valor de um laço sanguíneo?

Não converso com meu pai há mais de um ano, e moramos juntos. Não sei quem é o meu irmão, e moramos juntos.
Não compartilhamos de hábitos, não fazemos refeições juntos, não me sinto confortável na companhia deles. Eles igualmente não sabem do que eu gosto, não sabem o que eu penso, eu não sei com quem eles se relacionam e o que eles desejam. Somos desconhecidos. Exceto pelo fato de termos o mesmo sangue, por termos compartilhado o mesmo gene;
Quão importante é essa ligação?
Tradicionalmente, aceitamos relacionarmos com pessoas de quem não gostamos pela obrigação de confirmar os laços sanguineos em um plano social. Aprendemos desde pequenos que não importa o que seu pai ou irmão te faça, é imprescindível que você os ame e que esteja errada e arrependida em favor deles. Somos adestrados para sermos submetidos a todos os traumas e frustrações gerados dessa relação sem poder levantar questionamentos, simplesmente porque devemos à essas pessoas os cromossomos herdados.
Eu neguei isso.
Me condene agora! Por ter sofrido e continuar sofrendo por nunca ter superado certas imposições, certos acontecimentos. Me condene por sentir medos e tristezas incoerentes por culpa deste sangue.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

There are many of us.

Me encontro no estado mais nervoso em que já me encontrei desde os meus 10 anos, quando fiz o que minha mãe chamava de vestibulinho. Falo rápido, bato os pés em um tique nervoso constante, sinto meu coração pular pela boca com toda expiração. Preciso decorar hormônios, preciso aprender plantas, me esqueci o cálculo da assíntota, elétrica é puta difícil, meus pensamentos estão rápidos demais.
E isso poderia ser bom. Pra qualquer pessoa que não fosse pós-graduada em transformar sentimentos diversos em depressão. Quero chorar porque eu não sei tudo. Quero rir por ser tão desgraçada a situação de não lembrar de alguma coisa que eu já soube. Quero esquecer que as coisas mudaram tanto dentro de mim e que eu me adaptei à situação que sempre reprovei.
Não tem jeito, é minha conclusão disso tudo.
O mundo é uma merda e tem seu próprio curso. E não há alternativa, para pessoas ordinárias, senão adaptar-se àquilo que se é imposto.
Durante os últimos 6 meses, não li uma página de história, menos ainda de filosofia. Meu senso crítico foi pro ralo junto com o meu tempo de ler assuntos sobre os quais é interessante conversar. As bandas que eu ouço são as mesmas que eu ouço há 6 meses. Nem sei o que aconteceu com os artistas que eu sempre admirei. Não sei o que aconteceu com as pessoas que eu sempre admirei. Tudo aquilo que fazia parte de mim parou durante 6 meses pra que outras coisas que nunca me interessaram entrassem no lugar.
E eu gosto de física, gosto de biologia. Quase gosto de matemática.

Não sei mais quem é Banksy. Já posso mudar meu layout.
(não sei mais o que sou eu. Sou como os outros no fim das contas. Já posso parar de tentar.)

sábado, 20 de novembro de 2010

Se eu fosse a oradora da turma brigadeiro não sei o quê

Eu teria dito que acabou.
Passamos por todas as etapas das quais fomos avisados que deveríamos passar. Experimentamos dos mais insuportáveis e dos mais doces momentos dentro daqueles portões. Foi difícil e longo o caminho que tivemos que traçar durante estes sete anos, e o que recebemos ainda está em processo de digestão para a maioria de nós. Talvez não tenham sido os anos mais felizes possíveis, perdemos, com certeza e todos tivemos momentos em que desejávamos estar em outro lugar. Mas ganhamos aqueles a quem chamamos de amigos e ganhamos todas essas memórias: os dias que pareciam nunca terminar e os dias que passaram voando, as risadas das conversas banais, as paixões e a construção, andar a andar, de quem nos tornamos hoje. Acabou. Alguns já foram puxados para o destino que chamaram-os. Alguns ainda estão na transição do que foi e do ainda vai ser. Pra todos, estes dias marchando naqueles pátios, andando por aqueles corredores, ouvindo os apitos de manhã, Acabou.

E ao deixar o Colégio Militar de Brasília, eu não juro ser uma cidadã honrada, nem juro respeitar a todos os códigos, mesmo que os considere idiotas. Não juro não esquecer o que me foi ensinado sobre moral e diginidade. Não juro nada. Não sou colégio militar, não sou aquelas carteiras verdes, nem sou o uniforme cáqui.
Se há uma lição deste período da minha vida, é a que eu sou a luta por aquilo que acredito.
Bem militar assim mesmo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mais erosão, menos granito.

Era mentira, você queria era granito. Você queria quem te olhasse nos olhos com ar de doçura e te dissesse todas as coisas boas de se ouvir, alguém que te beijasse na mesma medida que te abraçasse, que fosse sua amiga na mesma medida que fosse sua. Você queria granito e encontrou.

Era eu quem queria erosão.
Era eu quem queria alguém que me olhasse nos olhos com verdade. Mesmo que a verdade fosse álcool e Stálin. Eu queria alguém que me dissesse somente a quantidade de coisas boas de se ouvir suficiente pra me fazer querer mais do que as coisas boas, alguém que me beijasse com desejo de me abraçar e me abraçasse com desejo de me beijar. Era eu quem queria ser com alguém, não ter alguém. Era eu quem queria erosão. E eu encontrei: na mistura de mim mesma com aquele de quem o corpo eu sei de cór. De quem conheço todos os pêlos e gostos e rosto. Encontrei beleza na dificuldade e tranquilidade no tormento.

E você transformou-se num personagem.

Quero escrever em uma língua que eu não conheço

quero cantar e gritar e me sentir, mesmo que por um só segundo, livre de mim mesma e de toda a ânsia e angústia que carrego no peito pesado. Quero esquecer que muito mais há de ser apesar de tanto que já foi. Quero conhecer algum lugar novo dentro de mim e morar no confortável desconhecido. Quero tanto lembrar de tudo como bom passado que deixo pra trás pra me permitir seguir em frente!
Talvez meu erro seja ser tanta coisa e continuar tentando não ser nada disso. entende?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

#Aprendi no Enem

que devo continuar postando no blog, otherwise não serei mais capaz de escrever sobre coisas inteligentes e vazias com pegadas pseudo preocupadas com direitos humanos. A verdade é que eu não escrevo palavras há muito mais tempo do que eu desejava, mas meus cadernos de números já estão no fim.