terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mais erosão, menos granito.

Era mentira, você queria era granito. Você queria quem te olhasse nos olhos com ar de doçura e te dissesse todas as coisas boas de se ouvir, alguém que te beijasse na mesma medida que te abraçasse, que fosse sua amiga na mesma medida que fosse sua. Você queria granito e encontrou.

Era eu quem queria erosão.
Era eu quem queria alguém que me olhasse nos olhos com verdade. Mesmo que a verdade fosse álcool e Stálin. Eu queria alguém que me dissesse somente a quantidade de coisas boas de se ouvir suficiente pra me fazer querer mais do que as coisas boas, alguém que me beijasse com desejo de me abraçar e me abraçasse com desejo de me beijar. Era eu quem queria ser com alguém, não ter alguém. Era eu quem queria erosão. E eu encontrei: na mistura de mim mesma com aquele de quem o corpo eu sei de cór. De quem conheço todos os pêlos e gostos e rosto. Encontrei beleza na dificuldade e tranquilidade no tormento.

E você transformou-se num personagem.