domingo, 9 de outubro de 2011

even if it hurts

Ouço música pra preencher o silêncio no meu carro, no meu quarto. nos meus dias. Escuto o que os outros têm a dizer para não ouvir a mim mesma. Quero fugir de todos os lugares onde estivemos juntos, mas parece que eles vêm até mim. E ainda não consegui calar meus sonhos, onde todas as suas expressões, todos os seus pelos, todas as suas cores dançam na minha cabeça.
O pior de todos esses dias tem sido acordar, e perceber.

Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito

Eu sinto demais. Sinto mais do que deveria, muito mais. Sinto mais saudade do que deveria, mais vontade do que deveria, mais amor. E se eu dedicar um momento que seja a estes sentimentos, vou enlouquecer com a sua ausência, com a falta que seu cheiro faz no meu dia.
Por isso, tenho me dedicado às mais diversas atividades que me permitam não te ter dentro de mim. Que não me deixem sentir o espaço vazio que você deixou.
Me sinto uma daquelas pessoas que sofrem de dores crônicas - daquelas que você falou.
Só dói quando eu respiro.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

desejos

Queria não desejar tanto tua voz, nem sonhar tanto com teus olhos. Queria não desejar tanto você na minha vida, me protegendo de mim mesma e de todas as coisas que fazem eu me sentir menos do que você acha que eu sou. Queria não te conhecer tanto, pra não precisar lembrar de todas as suas pintas e espinhas, do formato da suas costas, da textura da sua pele, da forma como sua barba crescia, do formato que seu cabelo adquiria com o tempo. Queria tanto que tivéssemos crescidos na mesma direção, que nunca tivéssemos nos abandonado.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Chuva

A chuva te trouxe e a chuva te levou. Foi tudo no que conseguir pensar hoje, quando andava no frio de fim de tarde desse dia de outubro e enfiei o pé em uma poça. Há pouco menos de dois anos atrás, eu pulava em uma poça e me divertia com a água, com o sapato de couro que molhava e com o rio que se formava na minha mochila. Esse foi o dia que a chuva te trouxe, algumas horas mais tarde, pra minha vida. Nos apaixonamos nesse dia. Nos amamos por dois anos. E agora chove de novo como há muito não chovia: chove sem você.
É pouco tempo ainda pra ter certeza das coisas, estou precisando dar baby steps, viver um dia de cada vez, pra não perder a calma. Somente quando nossas lembranças boas não me doerem tanto (tanto!) que eu vou ser capaz de ouvir tua voz de novo, e sentir teus olhos em mim, e sentir tudo aquilo que eu sinto quando você toca a minha pele, quando você abraça meus dedos.
O amor tá aqui, tá guardado. A força me tem sido mais necessária, though.

E não sei o que vou sentir amanhã...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

One Art

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

-- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.

Elizabeth Bishop,
também perdi dois rios e um continente. Perdi a voz, perdi o gesto que amava. Perdi o melhor amigo, o maior amor. It really ain't hard to master.

- Posted from my iPhone

terça-feira, 5 de julho de 2011

Qualquer lugar

Me perdi incontáveis vezes durante os últimos anos. Nem me lembro de como é me sentir encontrada. Nem me lembro se já me senti parte de alguma coisa. E me perdi até desse meu refúgio que era escrever, por ser bastante ciente de que eu só sei escrever sobre mim mesma, sobre as minhas próprias tempestades. E descobrir que isso implicava em revelar a mim me fez fugir disso e da maioria das formas de expressão não-superficiais. Tenho medos vários, tenho desejos vários, tenho sonhos vários como todo o resto do mundo. Mas nada me faz sentir banal.
E sei que há algo particular que me faz querer gritar ao mesmo tempo em que me fecha a garganta, e eu não sei bem qual é o nome disso, mas com certeza é o oposto de liberdade.
Sou eu mesma que me aprisiono. Eu sei.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

vivi de 140 caracteres por tempo demais

Foi lá, hoje, ouvindo ele cantar tão pertinho de mim, que eu lembrei do por que de eu ter escrito tudo que eu já escrevi aqui. Lembrei, olhando nos próprios olhos do autor da música, do por que de este pedaço da minha vida ter esse nome: Os hão de ser.
E o motivo é bem simples: quando eu ouço as teclas sendo batidas em sintonia com o ritmo dos meus pensamentos, dos meus sentimentos, eu me sinto plena. Me enriqueço, me preencho de satisfação por perceber que existe poesia em cada segundo da vida de todos nós. Não importa o que há de ser, o que hei de sentir.
Os hão de ser são um monte de coisas que eu desconheço, mas que eu quero desvendar. Quero descobrir cada cantinho de mim e quero sentir tudo. E não quero parar de me sentir assim nunca. Assim como hoje: tendo de novo prazer em digitar cada letra deste texto.

Quero sentir tudo