sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Qual o valor de um laço sanguíneo?

Não converso com meu pai há mais de um ano, e moramos juntos. Não sei quem é o meu irmão, e moramos juntos.
Não compartilhamos de hábitos, não fazemos refeições juntos, não me sinto confortável na companhia deles. Eles igualmente não sabem do que eu gosto, não sabem o que eu penso, eu não sei com quem eles se relacionam e o que eles desejam. Somos desconhecidos. Exceto pelo fato de termos o mesmo sangue, por termos compartilhado o mesmo gene;
Quão importante é essa ligação?
Tradicionalmente, aceitamos relacionarmos com pessoas de quem não gostamos pela obrigação de confirmar os laços sanguineos em um plano social. Aprendemos desde pequenos que não importa o que seu pai ou irmão te faça, é imprescindível que você os ame e que esteja errada e arrependida em favor deles. Somos adestrados para sermos submetidos a todos os traumas e frustrações gerados dessa relação sem poder levantar questionamentos, simplesmente porque devemos à essas pessoas os cromossomos herdados.
Eu neguei isso.
Me condene agora! Por ter sofrido e continuar sofrendo por nunca ter superado certas imposições, certos acontecimentos. Me condene por sentir medos e tristezas incoerentes por culpa deste sangue.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

There are many of us.

Me encontro no estado mais nervoso em que já me encontrei desde os meus 10 anos, quando fiz o que minha mãe chamava de vestibulinho. Falo rápido, bato os pés em um tique nervoso constante, sinto meu coração pular pela boca com toda expiração. Preciso decorar hormônios, preciso aprender plantas, me esqueci o cálculo da assíntota, elétrica é puta difícil, meus pensamentos estão rápidos demais.
E isso poderia ser bom. Pra qualquer pessoa que não fosse pós-graduada em transformar sentimentos diversos em depressão. Quero chorar porque eu não sei tudo. Quero rir por ser tão desgraçada a situação de não lembrar de alguma coisa que eu já soube. Quero esquecer que as coisas mudaram tanto dentro de mim e que eu me adaptei à situação que sempre reprovei.
Não tem jeito, é minha conclusão disso tudo.
O mundo é uma merda e tem seu próprio curso. E não há alternativa, para pessoas ordinárias, senão adaptar-se àquilo que se é imposto.
Durante os últimos 6 meses, não li uma página de história, menos ainda de filosofia. Meu senso crítico foi pro ralo junto com o meu tempo de ler assuntos sobre os quais é interessante conversar. As bandas que eu ouço são as mesmas que eu ouço há 6 meses. Nem sei o que aconteceu com os artistas que eu sempre admirei. Não sei o que aconteceu com as pessoas que eu sempre admirei. Tudo aquilo que fazia parte de mim parou durante 6 meses pra que outras coisas que nunca me interessaram entrassem no lugar.
E eu gosto de física, gosto de biologia. Quase gosto de matemática.

Não sei mais quem é Banksy. Já posso mudar meu layout.
(não sei mais o que sou eu. Sou como os outros no fim das contas. Já posso parar de tentar.)

sábado, 20 de novembro de 2010

Se eu fosse a oradora da turma brigadeiro não sei o quê

Eu teria dito que acabou.
Passamos por todas as etapas das quais fomos avisados que deveríamos passar. Experimentamos dos mais insuportáveis e dos mais doces momentos dentro daqueles portões. Foi difícil e longo o caminho que tivemos que traçar durante estes sete anos, e o que recebemos ainda está em processo de digestão para a maioria de nós. Talvez não tenham sido os anos mais felizes possíveis, perdemos, com certeza e todos tivemos momentos em que desejávamos estar em outro lugar. Mas ganhamos aqueles a quem chamamos de amigos e ganhamos todas essas memórias: os dias que pareciam nunca terminar e os dias que passaram voando, as risadas das conversas banais, as paixões e a construção, andar a andar, de quem nos tornamos hoje. Acabou. Alguns já foram puxados para o destino que chamaram-os. Alguns ainda estão na transição do que foi e do ainda vai ser. Pra todos, estes dias marchando naqueles pátios, andando por aqueles corredores, ouvindo os apitos de manhã, Acabou.

E ao deixar o Colégio Militar de Brasília, eu não juro ser uma cidadã honrada, nem juro respeitar a todos os códigos, mesmo que os considere idiotas. Não juro não esquecer o que me foi ensinado sobre moral e diginidade. Não juro nada. Não sou colégio militar, não sou aquelas carteiras verdes, nem sou o uniforme cáqui.
Se há uma lição deste período da minha vida, é a que eu sou a luta por aquilo que acredito.
Bem militar assim mesmo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mais erosão, menos granito.

Era mentira, você queria era granito. Você queria quem te olhasse nos olhos com ar de doçura e te dissesse todas as coisas boas de se ouvir, alguém que te beijasse na mesma medida que te abraçasse, que fosse sua amiga na mesma medida que fosse sua. Você queria granito e encontrou.

Era eu quem queria erosão.
Era eu quem queria alguém que me olhasse nos olhos com verdade. Mesmo que a verdade fosse álcool e Stálin. Eu queria alguém que me dissesse somente a quantidade de coisas boas de se ouvir suficiente pra me fazer querer mais do que as coisas boas, alguém que me beijasse com desejo de me abraçar e me abraçasse com desejo de me beijar. Era eu quem queria ser com alguém, não ter alguém. Era eu quem queria erosão. E eu encontrei: na mistura de mim mesma com aquele de quem o corpo eu sei de cór. De quem conheço todos os pêlos e gostos e rosto. Encontrei beleza na dificuldade e tranquilidade no tormento.

E você transformou-se num personagem.

Quero escrever em uma língua que eu não conheço

quero cantar e gritar e me sentir, mesmo que por um só segundo, livre de mim mesma e de toda a ânsia e angústia que carrego no peito pesado. Quero esquecer que muito mais há de ser apesar de tanto que já foi. Quero conhecer algum lugar novo dentro de mim e morar no confortável desconhecido. Quero tanto lembrar de tudo como bom passado que deixo pra trás pra me permitir seguir em frente!
Talvez meu erro seja ser tanta coisa e continuar tentando não ser nada disso. entende?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

#Aprendi no Enem

que devo continuar postando no blog, otherwise não serei mais capaz de escrever sobre coisas inteligentes e vazias com pegadas pseudo preocupadas com direitos humanos. A verdade é que eu não escrevo palavras há muito mais tempo do que eu desejava, mas meus cadernos de números já estão no fim.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

12 meses

Um ano se passou desde a primeira vez que te olhei nos olhos. Era mais ou menos a essa hora mesmo, eu acho, dez e pouco da noite; E depois disso veio amor e vieram brigas e medos e inseguranças também. Vieram, com a vontade de ficar junto, todos os sentimentos que compõem um casal, da pior e da melhor forma. Foi tudo como deveria ser: Não dá pra fingir que foi bom o tempo inteiro e que a gente nunca se machucou; mas, talvez só com pequenas reparações, eu faria tudo de novo. Quero fazer tudo de novo, e melhor. E dez vezes.
Eu te amo. Feliz aniversário pra gente.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Somos todos resquício de alguma coisa que já não existe mais. Somos a lembrança do que nem vimos passar e a ausência para aqueles que também nos são ausentes. Somos o futuro constituído de passado, não é óbvio?
Somos poeira estelar.


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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Estou fora de casa

Ausente do meu ser. Passo os meus dias vagando pelo que não me interessa e ando sempre procurado por uma razão que ou não existe ou não quer ser encontrada. Vejo todo o tempo exterior a mim e me sinto alheia a todos os lugares e pessoas.
Me sinto singular e, nesse momento, não há absolutamente nada de belo nisso. Quero estar em qualquer outro lugar que não aqui e quero sentir (alguma coisa que seja ao menos próximo de) completa.

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domingo, 19 de setembro de 2010

Caminhos adversos para um futuro incerto.

Eu gosto de andar de olhos fechados. Todos os dias eu ando dois quilômetros da minha casa até o ponto de ônibus, o que me dá tempo o suficiente pra descobrir pequenos prazeres em andar no sol ao meio dia. Como carros são raros por aqui e mais ainda são pessoas, pouco eu tenho que me preocupar com a minha infinita vergonha de fazer coisas não usuais, portanto me sinto mais do que feliz de andar de olhos fechados sozinha, no calor e na luz.
Não é liberdade, a sensação. Eu continuo presa a um caminho do qual eu não posso desviar e sei, e, ao mesmo tempo, não é segurança - até porque pouco há de seguro em andar de olhos fechados no meio da rua. A sensação é de descanso. Minhas pernas, já pelo meio da subida, fazem mais esforço do que meu porte físico super atlético com imc abaixo da média pode aguentar e minha mente mal consegue organizar os pensamento com o excesso de informação que eu tenho que absorver todos os dias. Eu tô preocupada: meu pessimismo nunca foi um fardo tão grande como é agora. Eu tô cansada e só queria não precisar passar por isso em momento algum.
Eu queria poder andar tranquilamente de olhos fechados em todas as ruas. E mesmo assim saber onde eu vou chegar.

domingo, 5 de setembro de 2010

A linha tênue entre a vida e a ausência dela.

minha mãe (e a torcida do flamengo) acredita que a morte é a pior coisa, sempre. Eu não acreditava, mas hoje a capa do correioweb era "cinco pessoas morrem em acidentes de trânsito nesse fim de semana.". Encarando com muito mais pessoalidade que uma reportagem de jornal suporta, eu tomei todas as dores de quem morre e de quem "mata", acidentalmente. Delicado demais para ser discorrido nesse momento e nesse lugar, o tema deste post tem apenas uma finalidade: te(me) lembrar de que a vida é frágil. Frágil demais.
Essa é a razão para eu não acreditar em hedonismo e vertentes. Não acho que a gente tenha nascido com um rumo traçado, tampouco, no entanto, com o único intuito de aproveitar o presente como única possibilidade; Não acredito que tenhamos a tal missão divina, mas acredito menos ainda que vivamos sem justificativa, pra razão alguma.
Nem os acidentes, e principalmente esses, são ausentes de repercussão. Se eu sou um acidente de massas universais que se colidiram (e whatever), eu carrego comigo uma reação.

domingo, 29 de agosto de 2010

Fail.

A sensação é... O fato é que eu fiz várias coisas que não devia e não me levei a sério por muito tempo achando ser imune às conseqüências, ou, no mínimo, achando que as conseqüências não iriam me afetar tanto assim.
Afetaram.
Me preocupa que todas as nossas decisões tenham repercussão na nossa vida. todas elas. Eu achava que sabia o que tava pra vir, mas aconteceu que na primeira aula, eu vi esses três meses se transformando no monstro de sete cabeças que ele é pra mim agora.
A sensação é de surpresa. Mesmo que eu não estivesse surpreendida com os números que apareceram na tela do meu computador às 17:30h do dia 25. Mesmo que eu não estivesse surpresa com a ausência do meu nome na lista de aprovados e mesmo que eu não esteja surpresa com as comemorações popping no meu orkut.
Eu me surpreendi com.
Eu me assustei, eu acho. só.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

É uma pena ser preciso prender o choro para aguar o bom do amor. Tudo dentro de mim se contorce de dor nesse momento, exceto a parte que ouve que eu te faço tão bem estando assim.
Me perdoe por me sentir só.


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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Edemonia

Esse era o título de um post que eu iria escrever. Quando eu abri o aplicativo do ipod, ele já estava aí, com toda a sua ironia. Edemonia é a palavra mais próxima de felicidade que existe no idioma grego, é o ápice das conquistas do ser humano, o mais preenchido e contente que um indivíduo pode ser. É nos meus olhos vermelhos e inchados que repousa a ironia dessa palavra sequer existir.
Não sei ser senão assim: melancólica. Não sei não ser só.

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ps

I miss just about everything.

Nunca aprendi a dizer adeus

Nem a lugares, nem a coisas, nem a pessoas que amava. Sempre me deixei ausente ou fui embora sem aviso, por mais consciente do quanto isso é pior do que dizer adeus. Talvez eu nunca tenha aceitado o significado do fim, ou talvez eu tenha dramatizado muito mais do que deveria sobre isso também. Ou talvez eu não queira ser passageira pra ninguém e não queira perder ninguém nessa vida.

Mas eu não quero ser senão eterno.
Que os séculos apodreçam e não reste mais do que uma essência
ou nem isso.
E que eu desapareça mas que fique este chão varrido por onde passou uma sombra
e que não fique o chão nem fique a sombra
mas que a precisão urgente de ser eterno bóie como uma esponja no caos
e entre oceanos de nada
gere um ritmo.


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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

É a verdade o que assombra

Não sou escravo de ninguém, ninguém é senhor do meu domínio. Sei o que devo defender e, por valor, eu tenho e temo o que agora se desfaz.
Viajamos sete léguas por entre abismos e florestas.
Por Deus, nunca me vi tão só!
É a própria fé o que destrói. Estes são dias desleais.

Sou como todas as outras.

Não me importo em me esconder na multidão, em ser invisível. Não nasci para ser diferente e pra me destacar como pessoa única e extraordinária. Sou normal, sou como todas as outras mulheres no mundo.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Impotência

é a condição humana mais... dolorosa.
Não há o que se fazer, não há formas de amenizar a situação e não há resolução, prática ou não, do problema. Essa é a verdadeira condição do ser humano, expectador impotente.
por que, afinal, estamos nesse mundo se não somos capazes de mexer um milímetro que seja em sua rotação? Qual é o sentido de estar aqui, passivo a todos os acontecimentos imprevisíveis e devastadores, assistindo a nossa auto-destruição, à nossa eterna repetição dos erros do passado, à nossa contínua podridão encarnada em todos os fatos vis diários, ao nosso próprio sofrimento? Qual é o sentido de ter acesso a todo o tipo de informação e a todas as formas de manifestações - culturais, políticas, etc... - se, na realidade, o uso delas é tão limitado?
[post que nunca vai ser terminado]
OS ASSASSINOS ESTÃO LIVRES, NÓS NÃO ESTAMOS.

sábado, 24 de julho de 2010

Cantiga de amigo

Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs frias!
Todas as aves do mundo, de amor, diziam:
alegre eu ando.

Todas as aves do mundo, de amor, diziam;
do meu amor e do teu se lembrariam:
alegre eu ando

(Acho que eu quero ser trovador quando eu crescer. Será que é muito século XII?)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Just for the record

É melhor, sim, agora. Não sinto falta, vou guardar pouco e prolongar praticamente nada relacionado aos sete anos passados. É bem melhor, sim, agora. Tenho controle de alguma coisa. Obrigada, [ ]. (deus?)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Realidade II

A realidade é que eu sou uma merda em matérias exatas, que eu não vou passar no vestibular do meio do ano e que só eu posso fazer alguma coisa pra deixar de ser um derrotada total.
Meus dramas adolescentes tão cada vez mais adultos agora que eu tenho que responder pelos meus atos e não posso culpar colégio, pais, vida...
É uma merda.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Minha agenda, que eu uso como diário, tem uma parte de velcro pra colar letrinhas e formar palavras. Em diferentes momentos da minha vida, escrevi palavras diferentes: amor, saudade, Bem, de novo. Dessa vez, a palavra era "once", que representava o momento em que eu mais achei que a vida era a injustiça encarnada por não nos permitir mais do que uma oportunidade, eu acreditava que tudo era o resultado da falha de um momento que desencadeou inevitavelmente uma sequência de desastres. Um dia uma pessoa me perguntou do por quê dessa palavra, eu menti dizendo que não sabia: ele, então, mudou a ordem das letras formando "ceno" me dando um sorriso, como se quisesse me fazer mudar de idéia. A sequência de desastres não parou, mas a minha única chance na vida virou um leque de novas possiblidades.
Hoje eu retirei as letras; não faz mais sentido. E peguei o saquinho de letras e joguei-as na cama, pronta pra escrever uma palavra substituta que fizesse.
Não sei o que escrever. Não sei o que faz sentido.

(acabei de escrever e apagar uma frase cruel, perdão.)

Declaração de amor diário.

Estar com você é ter o melhor dia da minha vida.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pensamentos de um dia 12

número um (18:43)
Eu me perco em horas. Eu me perco nos minutos dos meus dias e me sinto sufocada pelo que eu devo. Pelo que eu posso. Eu já não sei onde e porque eu estou, eu apenas estou espalhada pelos lugares por onde já fui carregada. Não sei se em algummomento eu já escolhi o meu prórpio destino e me esqueci, ou se não é destino de ninguém escolher o próprio.

número dois (19:05)
Eu quase perdi um ônibus hoje por me distrair com os faróis dos carros que passavam. Me distraio com luzes, com faixas, me distraio com a própria vida. Às vezes duvido da minha própria certeza de que a gente tá nesse mundo por uma razão. Talvez a gente esteja aqui pra assistir mesmo...

número três (19:22)
Não tô propriamente infeliz. Não tô realmente com um medo constante que me impede de me deixar levar por amor e semelhantes. Eu estou ausente o tempo todo. Eu não estou dentro fe mim e não sei se vou voltar.

número quatro (20:00)
Hoje eu percebi que não sei mais ler o seu olhar. Desaprendi. Talvez eu não esteja ausente de mim, talvez eu esteja tão presente que eu mesma oculte a visão do externo. Será que você se tornou externo a mim?

número cinco (alguns minutos depois)
Será que é você que não me permite mais te ler?

número seis (mais alguns minutos depois)
Talvez eu esteja sofrendo e não saiba. Quão idiota é isso?

número sete (20:26)
Às vezes eu fico lendo coisas que escrevi e vendo desenhos meus e fico pensando em que eu estava pensando no momento em que os criei. Não tenho deixado de chorar por nenhum dia.

número oito (20:45)
Eu queria saber a razão de certas coisas, mas acho que isso todo mundo quer.

domingo, 11 de julho de 2010

me faz chorar e é feito pra rir.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

easy comes. easy goes

Me ouve só dessa vez: O que vem fácil, vai fácil. Esse é o problema de escolher sempre o caminho indolor. E a grande falha na tentativa de evitar dor é que toda dor vem do desejo de não sentirmos dor.
Olha pra você reclamando, olha pra mim chorando... Se isso é pra evitar dor, é melhor você começar a deixar doer um pouco.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sobre acostumar-se

Eu quero chorar toda sua ida de novo, deseperadamente. Quero pedir pra você ficar, dessa vez. Não sou evoluída o suficiente pra abrir mão de quem já fomos, de quem nunca mais vamos ser.
Tem um pedaço de papel com o seu telefone - o que exige um DDI,- em um porta-retratos no meu quarto. Eu pensei em ligar pra ele hoje.
Me desculpe por ter me acostumado com a sua ausência.

Mas o plano era ficarmos bem.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Na verdade, eu não quero me condenar a nada

Minha relação com as palavras mudou.
Eu ainda gosto de português, ainda sou capaz de passar horas lendo e escrever ainda me dá um prazer enorme, mas é diferente.
Há alguns anos, eu acreditei que talvez fosse isso a minha predestinação: escrever. Como a minha mãe, sempre fui muito boa com palavras e sempre entendi aquelas funções sintáticas bizarras que fazem alunos normais gritarem de dor. Sempre gostei mais de poesia do que de prosa por, desde muito nova, compreender que a linguagem possuiu mais significados do que o ser humano é capaz de atribuir. E ganhei alguns prêmios e algumas boas notas em redação que me deram alguma certeza de que eu poderia não ser de todo ruim.
No entanto, e talvez isso seja um erro, talvez não, eu parei de manter um diário, parei de escrever com freqüência e deixei de lado, aos poucos, toda a minha relação tão próxima com as letras.
Eu não sei se eu quero escrever pelo resto da minha vida.
Nesse momento, eu só quero fazer outras coisas, quero começar tudo de novo. Quero explorar todas as possibilidades dentro de mim, sejam artísticas ou não

Se eu acabar sendo uma economista, me desculpem (previamente).

o agora já é passado, o presente é eterno ou o futuro é obrigação?

Estou em milhares de pensamento e especulações sobre o que há de ser a partir de agora.
Vi um vídeo chamado The Secret Power of Time hoje, dizia que (tradução) existem 6 principais zonas do tempo em que as pessoas vivem, 2 focam no passado, 2 focam no presente e 2 no futuro.
As pessoas que se focam no passado, (a) ou tendem a se lembrar do bons e velhos tempos: dos sucessos, dos aniversários, mantém álbuns de família, mantém rituais de família... Sendo chamados de past positives (passado positivos?), (b) ou tendem a se lembrar apenas dos arrependimentos, das falhas e de todas as coisas que deram errado. Sendo chamados de pessoas past negatives (passado negativos?).
Depois, existem as duas formas de se orientar pelo presente: O primeiro é sendo hedonístico: quando você vive o prazer e evita dor. Neste caso, você procura conhecimento, procura sensações. O segundo é acreditando que a vida não é como planejada, afinal, você é condenado pelos diversos fatores que atuam na sua vida: religião, pobreza...
E a maioria de nós é orientada pelo futuro, nós aprendemos a trabalhar ao invés de brincar, aprendemos a resistir às tentações. A outra forma de ser future oriented é, dependendo de sua religião, acreditando que a vida começa depois da morte do corpo mortal. Se você é orientado pelo futuro, você precisa lembrar de que quando você toma uma decisão, ela vai trazer conseqüências, por exemplo, se a inflação está alta, você não vai colocar dinheiro no banco, porque você não pode confiar no futuro.
Uma coisa interessante é que, em teoria, quanto mais perto você está do equador, mais orientado pelo presente você é, porque você está em um ambiente em que o clima não muda, e isso te dá uma noção de mesmice, ao invés de mudanças.
Outra é que protestantes em qualquer lugar possuem uma maior produção em relação aos países católicos, isso porque na tradição protestante as pessoas trabalha para serem bem sucedidos e demonstrarem que são o povo escolhido de deus, enquanto os católicos perpetuam a sua posição tradicionalista.

Enfim, o meu ponto é: qual é a orientação do tempo que realmente deveríamos ter? Nós nascemos todos hedonistas, procurando prazer e evitando dor involuntariamente, então o que há de mal em continuarmos inconsequentes e temporariamente satisfeitos? Ou será que na verdade, como animais sociais, somos obrigados a adaptarmos nossa orientação de tempo de acordo com a evolução das relações socias - o que, em um âmbito menos pessoal evitaria N conflitos entre nações.- e que, ao mesmo tempo, nos obriga a pensar mais rápido, procurar mais informação, passar o quanto antes no vestibular...?

domingo, 6 de junho de 2010

Realidade

Não, não sou dona da verdade. Não tenho certeza de como as coisas funcionam no nosso mundo e não teria mesmo que fosse uma doutora em psicologia da sociedade. Sei do que é real agora, pra mim. Sei que tenho ficado imersa em realidade demais, que tenho visto todas as minhas limitações humanas expostas e tenho tomado, mais do que nunca, consciência de tudo aquilo que me impede de realizar as coisas com as quais eu sempre sonhei. Não é que não sejam possíveis, mas são absolutamente improváveis. Não, eu provavelmente nunca vou salvar a Mongólia, não, provavelmente nunca vou transformar os países do oriente médio em laicos, não, eu provavelmente não vou acabar com o conflito na Caxemira. Eu provavelmente nunca vou expor agressivamente a corrupção do nosso governo- não de forma a ser verdadeiramente ouvida-, e provavelmente nunca vou falar fluentemente 25 línguas. Nós provavelmente vamos perpetuar a nossa raça sem muitas inovações: quando morrermos as religiões ainda vão ser intolerantes, o modo capitalista não vai entrar em colapso, o mundo ainda vai estar ameaçado pelas mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. Apenas um de nós vai ser um Steve Jobs, e apenas poucos de nós seremos ativistas radicais dispostos a ir até as últimas consequencias pelo sonho infantil de salvar o mundo - e até estes corajosos, como o resto, farão pouco.
Faremos pouco, eu sinto muito. Tão pouco...
Então a qual parâmetro devemos nos apegar ao decidir o que queremos das nossas vidas. A quais limitações devemos nos ater?

Meu mapa astral diz que eu gosto de discussões filosóficas sem fim.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

"me dava raiva não poder abrir o meu peito e colocar você lá dentro"

Precisamos crescer.

Preciso crescer. Preciso aceitar que a vida não vai ser sempre fácil: não é agora e não vai ser depois. Preciso entender que as coisas não são simples, que é preciso construí-las, que é preciso dedicar-se para conquistar aquilo que se quer. Meus sonhos de realizações são tolos e minha vontade de mudar o mundo não é mais do que uma fantasia super-heróica. Minhas esperanças são equivalentes às de alguém que nunca saiu debaixo do próprio céu, pintado no teto do quarto. A confusão da minha mente é conseqüência da loucura da realidade que me dizem que existe, como se tivessem acabado de me ensinar a falar uma palavra, ainda não sei o que significa. Sou uma criança teimosa diante das dificuldades: não largo de mão e choro se perco. Minhas atitudes são infantis para me proteger do que me assusta. Minhas manifestações são primitivas, como quem ainda não sabe lidar com a elegância exigida na interação.
Meus pensamentos são nós, meu grito soa sem sentido.
Preciso crescer.

domingo, 23 de maio de 2010

Lista

20 Motivos para desistir do ensino médio
1. Acordo cedo demais
2. Visto uma farda (e passo o dia inteiro com ela)
3. Não tenho paciência para apitos
4. Não tenho paciência para pessoas imbecis às 07hrs da manhã (aliás, não tenho paciência pra elas at all)
5. Não preciso aprender física pra ser uma profissional melhor
6. Odeio marchar
7. Odeio estudar nos fins de semana pra prova de segunda
8. Estou sempre cansada
9. Não tenho tempo de encontrar meu namorado
10. Me sinto perdendo tempo
11. Nunca vou entender matemática
12. Não posso sentar com as pernas abertas
13. Não tenho direito de reclamar
14. Não aprendo nada em 75% das minhas aulas
15. Não tenho mais o Corpo de Baile
16. Pago um cursinho por fora porque o ensino médio não é o bastante
17. Passo a manhã inteira querendo ir embora
18. Cadê a minha melhor amiga?
19. Minha professora de Literatura escreve Clarice LiNspector
20. Meu professor de química fede.
(Multiplique todos os motivos por 7 anos)

1 Motivo para continuar.
1. Acaba em 5 semanas e 2 dias

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Uma flor nascendo do asfalto

Tenho esperanças,sim, que daqui a um mês as coisas vão ser melhores. Vão haver fins, vão haver recomeços, vai haver merda como sempre há. Mas vai haver algo novo, e é bem isso, essa variável do futuro que tá sempre presente no amanhã, que me desperta hoje.
Tá desesperador na maior parte do tempo, e é difícil me fazer lembrar do porque de estar passando por isso. É difícil ter um objetivo e saber que falhar é uma possibilidade. E é tão fácil culpar os outros! Culpar a vida, as pessoas erradas, as mentiras, o curso da sociedade. é tão fácil desistir.Mas Cecília Meireles mesmo sempre me gritou:

é preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta, nem o fogo aceso
[...] O que é preciso é ser como se já não fôssemos
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.

E é claro que eu vou esquecer de novo, mas é preciso que alguma lágrimas rolem pra se ter a certeza de que existe algum lugar dentro de mim mesma onde eu me encontro de verdade.

sábado, 15 de maio de 2010

i wanna hold your hand.

It's that simple. When we're together, saying sweet nothing to each other, nothing else exists, nothing else matter. And I'm sorry that I'm such a roller coaster, that i'm never in my place and that i'm always worried with where life's going to, even though i know i can't predict a thing of our future, but the truth is that i feel like i don't need anything else when we lay down together, watching the time going by us. It's like we've reached the essence of life, it's like we've found out why are we living for.
Its tacky, i know, but it's not like we're living for each other. We are living for this world that we've built piece by piece in the last half an year, for us. I just love us.
Thank you for existing;
(algumas coisas são melhores quando não são entendidas só sentidas. Eu te amo.)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

é difícil manter a sanidade quando se vive de um extremo a outro, é verdade. É difícil esquecer, quando tudo o que te vem à cabeça vem como uma avalanche, atropela todo o rastro de distração que possa haver entre eu e eu mesma. Sempre achei que nesse exageraro tava o melhor jeito de viver, o mais emocionante, o mais divertido, o mais. Mas agora, ao invés de emoção, eu estou enterrada em desespero, sufocada por todas as coisas que deram errado, ou por todas as coisas que ainda não deram certo. Agora que eu tô sufocada por melancolia, ao invés de diversão, tudo que eu quero é acabar com essa idiotice adolescente de viver tudo em seu limite. Eu já passei do meu limite há muito tempo atrás. Eu já não sei quais são as coisas que eu ainda sou capaz de suportar e quais são aquelas que vão me derrubar em pranto. Eu já não reconheço o meu sorriso franco e o meu sorriso mascarado. Eu já não sei ser forte. E isso é o que mais me destrói, eu acho; não ser forte. Não conseguir mais atravessar as tempestades com a determinação que sempre me guiou, não ter certeza de que eu estou alcançando um objetivo, mesmo que eu não saiba qual. Me destrói pensar que a realidade é que eu sou incapaz.
Tudo que eu quero é parar, bem aqui, agora, porque eu já não sei mais quanto tempo eu consigo suportar. Quero desistir.
Não quero acordar amanhã.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

You had a bad day

http://www.youtube.com/watch?v=gH476CxJxfg
Sing a sad song to turn it around, work on a smile and go for a ride!
Afinal, sticks and stones and animal bones can't stop me from having good days and bad days.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Somos grandes.

Devíamos ser todos felizes ou todos esforçados em buscar a felicidade. Devíamos todos ter a responsabilidade em perfeito equilíbrio com a inconseqüência. Devíamos definir um objetivo e persegui-lo incansavelmente, durante uma vida, se fosse preciso. Devíamos todos ser claramente informados do quão real é a realidade e do quanto ela machuca - do quanto é preciso ser forte pra encarar os trancos da vida, sem fraquejar. Devíamos ter a certeza de que nenhum esforço será em vão, de que nenhum fracasso será sem a intenção de nos fazer crescer. Devíamos confiar em nós mesmos acima de qualquer pessoa, devíamos ser responsáveis por tomar nossas próprias decisões. Devíamos ser livres. Devíamos ser capazes de definir os nossos próprios valores. Devíamos admitir que não somos capazes de julgar o outro. Devíamos viver em função de outra coisa, senão o capital. Devíamos viver como reis, não como cegos. Devíamos respeitar os outros e nós mesmos.
MAS
somos incapazes. fracos. tolos. fúteis. irresponsáveis. preguiçosos. falhos. desconfiados. intolerantes.
somos humanos.

é preciso ter orgulho de tentar ser aquilo que sabemos que devíamos ser.

sábado, 24 de abril de 2010

This is the way it should be.

Olha, eu tô de recuperação em matemática e tô chateada, sou a 16a da turma, sendo que sempre estive entre os dez primeiros, no mínimo, e não existe drama mais adolescente do que esse. Minha melhor amiga não mora sequer no mesmo país que eu. Eu não falo com meu pai há dois meses. Sou preguiçosa e durmo tardes inteiras ao invés de estudar, mesmo estando no 3o ano e sabendo que tenho um vestibular em dois meses (não vou passar nem pra sociologia daqui a dois meses). Quero fazer tudo sozinha e gosto de ser auto-suficiente, mas moro na puta que pariu e sou completamente dependente das pessoas. Não gosto de comer e emagreci dois quilos nas últimas semanas, não gosto de beber água e tenho tido dores nos rins. Tive que parar o ballet, que era a única coisa animadora do meu dia. Acordo todos os dias às 5:30h da manhã pra vestir uma *farda (identifique desprezo). Não gosto de reclamar, mas não gosto desse momento da minha vida. Não sei onde eu quero estar daqui a 5 anos. Não sei nem que roupa vestir daqui a quatro horas.
Mas eu tenho você pra me salvar dos dias horríveis.

domingo, 11 de abril de 2010

Meu pai já foi artista

Já foi poeta, já foi ator.
E eu me pergunto Qual foi o momento em que ele decidiu ser sempre um personagem? Quando é que a casa virou o palco e o sol virou as luzes? Quando é que eu virei só parte do roteiro?
As relações de amor, meu pai, não são hierárquicas, na vida real. As verdades nunca são absolutas, as pessoas não devem ser exaustivamente testadas e ensaiadas.
Esse aqui é o espetáculo final; E seria bom se você percebesse que tem alguma coisa errada com a sua cena. Seria bom se vocês percebesse que tem alguma coisa errada com a sua vida.
Meu pai já foi artista, já foi poeta, já foi ator. Nunca foi herói.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

é diferente.

Não é olhar a vida por outra perspectiva. É ser a outra perspectiva. É lembrar que há um ano atrás, things were not like this. Minha melhor amiga ainda estava comigo todos os dias, minhas obrigações se limitavam a ser comparável ao meu irmão, meu namorado era Outubro.
É só que tudo agora parece ser a última chance. Tudo parece se resumir em uma única verdade. Não sei viver assim. Já me cansei de falar que não nasci pra esse desespero todo, pra todas essas obrigações sem sentido. Pro pânico de decidir a vida inteira em um ano. máqueporra.

segunda-feira, 15 de março de 2010

I MISS YOU SO!

in each little thing I do, I can find a piece of you, in each twist of time, in each twist of mind that I find to think of you. [...] It might take me two thousand years not to sing this song in tears, 'cause I feel so small in this big black hole and you're the one that makes me feel I'm alive.

quarta-feira, 10 de março de 2010

escorraçada pela vida excessiva dos sentidos.

Há tanto que eu queria ser. Tanto.
Eu queria fazer com que um milhão de pessoas escutassem a minha impassividade quanto ao mundo, quanto à injustiça de como as coisas transcorrem. Queria escrever o manifesto da desordem, da falta de lógica explicável pelo caos que habita a vida dos loucos: dos humanos. Queria ser a mão que pinta o grande e inovador quadro da verdade, que nada mais seria do que a rotina de todos os carros enfileirados, pela manhã, nas avenidas do mundo. Queria ser o sonho inspirador dos grandes gênios, daqueles que são tão inteligentes que se calam na certeza de que outros vão sonhá-lo de novo e de novo e de novo. Queria ser os membros que guiam os cegos de dores, queria ser os olhos dos insensíveis de vista. Queria ser a água que acorda um mundo para uma via láctea de possibilidades latentes que sempre estiveram ali, no lugar mais óbvio: no nosso sangue artístico e veloz e quente. No nosso coração explosivo, nas nossas fibras desesperadas. Em todas as partes de dentro de nós mesmos que ainda estão vivas. Queria descortinar o infinito que existe dentro de todos nós.
Mas eu sou só uma escorraçada pela vida excessiva dos sentidos.

terça-feira, 9 de março de 2010

Preto e Branco

Um palco vazio. Entram dois homens, um vestido de preto e o outro vestido de branco. Eles representam os dois lados do Autor. Isso a platéia já sabe porque está escrito no programa. Pelo Autor. Ou por um dos lados do Autor, já que o outro era contra. O outro lado do autor queria que o espectador deduzisse no transcorrer do diálogo que os dois atores representavam a mesma pessoa, porque, na sua opinião, dar muitas explicações para a platéia subverte a relação de cumplicidade misturada com hostilidade que deve existir entre palco e público, e nada destrói este clima mais depressa do que o público descobrir que está entendendo tudo. Os dois lados do Autor discutiram muito sobre isso e prevaleceu o lado que queria ser perfeitamente claro, mesmo com o perigo de frustrar o público. Palco Vazio. Dois homens, representando os dois lados do Autor. Um todo de preto, o outro todo de branco.
Homem de Branco - Preto.
Homem de Preto - Branco.
Branco- Por que não cinza?
Preto - Vem você com essa sua absurda mania de conciliação. Essa volúpia pelo entendimento. Essa tara pelo meio-termo!
Branco - Se não fosse isso nós não estaríamos aqui. Foi a minha moderação que nos manteve longe de brigas. Foi minha ponderação que nos preservou. Se eu fosse atrás de você...
Preto - Nós teríamos vivido! Pouco, mas com um brilho intenso. Teríamos dito tudo que nos viesse à cabeça. Distinguido o pão do queijo com audácia. Posto os pingos destemidos em todos os "is". Dado nome completo a todos os bois!
Branco - Em vez disso, fomos civilizados. Isto é, contidos e cordatos.
Preto - E temos os tiques nervosos pra provar.
Branco - Você preferiria ter feito a piada que magoaria o amigo? A verdade que destruiria o amor? O insulto que nos levaria ao Pronto- Socorro, setor traumatismo?
Preto - Preferiria. Para poder dizer que não me calei. Para poder dizer "Eu disse!"
Branco - Ainda bem que não é você que manda em nós.
Preto - Não, é você. Semrpe fazemos o que você determina. Ou não fazemos. Não dizemos, não vivemos! Estou dentro de você, fazendo, dizendo e vivendo só em pensamento. Se ao menos eu pudesse sair os sábados...
Branco - Para que? Para nos matar? Pior, nos envergonhar?
Preto - Melhor se envergonhar pelo dito e o feito do que pelo não dito e o adiado. Você sabe que cada soco que um homem não dá encurta a sua vida em 17 dias? E cada vez que um homem pensa em sair dançando um bolero e se controla, seu fígado aumenta? E cada...
Branco - Bobagem. Ainda bem que eu sou o verdadeiro nós.
Preto - Não, eu sou o verdadeiro você;
Branco - Você só é nós em pensamento. Você é a minha abstração.
Preto - Sou tudo o que em nós é autêntico e não reprimido. Ou seja: você é a minha falsificação.
Branco - Você não é uma pessoa, é uma impulsão.
Preto - Você não é uma pessoa, é uma interrupção;
[...]
Veríssimo.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Abrigo

Eu sei que eu tenho em quem me abrigar.
Seu abraço é meu aconchego e só o som da sua voz já é capaz de me fazer esquecer de tudo. me faz lembrar que estamos juntos, aonde quer que estejamos. E eu sinto que não é mais preciso dizer mais nada, você já me lê quando olha nos meus olhos; você já sabe o que me aflige, o que me desespera, o que me faz perder a cabeça. E eu já conheço o seu olhar de preocupação, seu olhar de quem tá tentando disfarçar a tristeza. E, ao mesmo tempo, eu quero te dizer tudo, eu quero te dar o mundo inteiro, eu quero te carregar no bolso. Eu quero te lembrar o tempo inteiro do quanto eu sou grata por você ter olhado pra mim, por me guardar dentro de você desde então, por ter me dito todas as palavras que você disse, por me deixar ser parte da sua vida.
Obrigada por cantar pra mim.
(eu te amo)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Só sei que foi assim

ok, eu tinha seis anos, mas eu era uma estrelinha muito fofa no meu tou-tou azul bebê. Eu lembro que eu colava da Tia que fazia a coreografia com a gente. What can I say? nunca fui muito boa em decorar seqüências. Um pouco antes eu fui um pássaro amarelo na Bela Adormecida, óbvio que eu nem lembro quem eu era, mas minhas fotos me denunciam como A bailarina mirim em ascensão. Mas acho que o ápice mesmo da minha manifestação artística infantil foram as minhas tentativas de imitar AQUELAS meninas do Colégio Militar que dançavam What a Feeling num macacão verde, ou Raindrops Keep Falling On My Head, abrindo e fechando o guarda-chuva branco, que combinava perfeitamente com as roupas de detalhes prateado-brilhante. Elas ficaram na minha cabeça como eu imagino que a bola fica na cabeça daqueles garotinhos que sonham em ser jogadores de futebol - eu sonhava em ser do colégio militar.
E foi assim que começou essa saga interminavelmente frustrante dessa etapa da minha vida. Eu não sabia nem quem eu era, mas sabia que eu queria ser a pessoa que eu sou hoje, tirando o pequeno detalhe de que tudo, em algum lugar dos sete anos vividos dentro daquelas grades, acabou desabando em um precipício de errados. Tirando que hoje eu entrei com vergonha no palco onde eu sonhei em estar. Tirando que What a Feeling não é mais dançado com a frequência que era, e, quando é, os macacões verdes se limitam à meia dúzia de meninas aparentemente mais esforçadas do que eu consegui ser. Tirando que a única música dos anos 60 que eu dancei passou bem longe de pingos de chuva e guarda-chuvas glamourosos. Tirando que a minha sapatilha vai ficar dentro da gaveta por um tempo que ninguém realmente sabe quanto.

Tirando que, se eu ainda fosse aquela espectadora assídua de nove anos das apresentações de dança do colégio, não seria em mim que eu quereria me espelhar. Eu não ia querer ser aquela menina chorosa do palco.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Cachorro :)

Nunca te escrevi cartas apaixonadas, como eu fiz pros outros. Nunca te imaginei do meu lado pra sempre. Sempre te idealizei. Eu gostava secretamente da sua aliança e do jeito que você falava dela. Mas eu odiava espera-la ir embora. Odiava que seus nomes combinassem de um jeito vulgar (apesar disso ter me rendido algumas risadas mais tarde). E odiava a sua amiga com nome de árvore que tratava a gente como um casal. A gente sempre tava no pé errado;
(E eu sempre achei o seu irmão mais gato que você.)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

relato de mais ou menos três meses atrás. ou quatro?

E ele olhou pra mim e disse "você...", e eu perguntei "o quê?", daí ele ficou calado por um momento. Eu tremi e pensei em todas as coisas ruins que ele poderia me dizer - é fácil demais estragar um momento tão bom. Então eu disse "não gostei desse seu 'você...'", e ele respondeu "por que? é só que você... é intensa.(pausa) E é difícil encontrar alguém intensa assim, ainda mais uma menina de dezesseis anos." e eu sorri e disse "é por isso que eu tenho hipérbole tatuada na minha pele. eu não gosto de meio-termo."

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Open your eyes, david.

Não há nada que seis meses não possam curar. Não há nada que não possa ser construído em quatro. Não existem mudanças de vinte e quatro meses que se limitem a dois anos. Não há hábitos de oitenta e quatro meses que não exerçam influência nos oitenta e quatro meses próximos. Duzentos e quatro meses não são suficientes pra tomar decisões pra outros dezessete anos.
Não existem dois meses iguais.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

It feels like home.

Passei uma semana em Caldas Novas, seguida de uma semana em Buenos Aires, seguida de uma semana em Boston, seguida de uma semana em Nova York. E o que eram pra ser férias acabaram sendo um acréscimo de confusão na minha vida. Mas o que é que eu não transformo em confusão?
Pois bem, agora que eu estou finalmente dormindo na minha cama, passando horas com meu bem, voltando a ter contato com as pessoas que gostam de ouvir a minha voz, as coisas começaram a ser jogadas na minha cara. Terceiro ano, vestibular, cursinho. Parece que não dá pra ter doses pequenas dessas coisas, acho até que as pessoas se divertem vendo o desespero estampado no meu rosto quando eu paro pra me dar conta do quanto esse ano é importante na minha vida. De quantas coisas eu tenho que provar pra mim mesma e pros outros.
Me dá medo de pensar na infinidade de coisas que os próximos meses reservam.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Saudade

sau.da.de
sf (lat solitate) 1 Recordação ao mesmo tempo triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las 2 Pesar pela ausência de pessoa querida 3 nostalgia.

Não posso dizer que é a pior dor do mundo. Mas é, sem dúvida, a mais incômoda, desconfortável, a mais constante. Eu me sinto simplesmente impotente em saber que não há nada a fazer pra amenizar essa dor em mim, ou nos outros. Não há anestésico que cure, assim como não há nada que maltrate mais do que essa incessante lembrança do que aconteceu, acompanhada pela esperança de que logo (ah, por favor, logo!) venha a ser substituída pela felicidade que existe só em olhar nos seus olhos ou pela calma que eu encontro no seu abraço. Me encho de saudade a cada respiração; não consigo esconder que tudo que eu quero é você aqui, e nós dois como sempre fomos, desde o primeiro dia, há três meses atrás.
(desde o primeiro dia, há sete anos atrás.)

sábado, 16 de janeiro de 2010

Ando à procura de espaço

Para o desenho da vida.
Tô me sentindo perdida no único lugar aonde eu poderia me encontrar. Não sei o que eu quero, não sei do que eu sou capaz. Só sei do que não gosto, alguém já falou antes de mim, e isso parece não ser o bastante; Tenho escrito mais cartas pra pessoas próximas do que pensamentos pra mim mesma - eu já não sei o que eu mesma quero ouvir, não sei que conselhos me dar. Eu tô perdida nas ruas aonde eu nasci. E são esses versos da canção excêntrica que é a minha vida, o meu único abrigo.
(ao menos enquanto eu só posso ouvir sua voz por telefone.)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

22:22hrs

Essas são as horas que meu relógio indica e eu tô em casa. Eu tô em casa mas poderia listar os lugares aonde eu queria estar nesse momento (com você), minha casa não é prioridade nem de longe, apesar do meu cansaço.
O que me incomoda em estar em casa é que eu tenho uma tonelada de responsabilidades, de obrigações. Eu tenho todas aquelas expectativas de quem eu devo ser, pesando sobre a minha cabeça. Eu tenho pouco mais de uma semana pra tomar decisões pro resto do meu ano. Mas, meu deus! Quem sabe qual é a decisão que vai me deixar presa nessa cidadezinha provinciana pro resto da minha vida? e qual a que vai me levar pra todos os lugares que eu quero conhecer?
E como é que o mundo espera que uma menina de dezessete anos consiga eleger aquilo que ela quer que reja todo o resto da vida dela? christ. Às vezes eu sinto que sou superestimada, sério. Mal sei conjugar o pretérito mais-que-perfeito e já querem que eu escreva a gramática.
(vou tentar parar de reclamar disso, juro.)

domingo, 10 de janeiro de 2010

Bons Ares

Picture me: estou sentada num sofá no cafá da recepcao de um hotel um pouco mais luxuoso do que eu mereço, em Buenos Aires. Meus fones de ouvido tocando faz tanta a falta o teu amor (te esperar... nao sei viver sem te ter, nao dá mais pra ser assim), me excluem do resto das pessoas no cômodo. E esse é o meu ultimo dia aqui.
E eu vou sentir falta dessa cidade, com certeza. Ela é construída de detalhes com os quais eu não tenho certeza de que vou me acostumar a viver sem, de novo. Nem falo do jeito como eles me servem té con limón ou do starbucks sempre ao alcance nos momentos em que eu me sinto out of place, frequentemente proporcionados pelo meu espanhol porco. Falo do muro pichado com ser más humano, das propagandas nacionalistas, do jeito charmoso que um espanhol de verdade soa. Vou sentir falta do "holla, mi amor", o "e aí, gatinha?" argentino (mentira, nem vou sentir falta), e de um ou outro sorriso marcante. Vou sentir falta das fotografias lindas vendidas nas ruas, do tango em piso de pedras e do meu óculos de sol que deve ter ficado de presente pra alguma boa argentina loira dos olhos azuis muito mais merecedora do preço dele do que eu. Vou sentir falta do ar daqui, piadas a parte.
Vou ter saudades do romance das calles, das plazas. Do romance que até as coisas mais ínfimas carregam. Do romance dos olhares, das vozes, da modernidade e da antiguidade. Do romance que o casamento de tudo carrega.
um tango argentino me vai bem melhor que um blues.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Pra você que eu sei que vai me ler.

Eu ia escrever sobre Buenos Aires. Sobre como aqui é lindo, sobre o jeito que eles falam espanhol, sobre como eles servem o café. Sobre prédios antigos e ruas famosas e tudo aquilo sobre o que uma turista quer falar. Mas não tá dando.
Porque eu passo pela Casa Rosada e lembro de você, num dia de chuva, me falando o quanto seria bom estar aqui. Passo pela Igreja Metropolitana e lembro como isso fez parte da sua vida, passo pelo Museu de Belas Artes, pela Floralis Generica, pelos cafés e te imagino aqui. Imagino seu riso alto, seus olhos verdes, você. Até o clima me faz lembrar você, vejo seu rosto em todos os lugares. Até minha cama parece grande demais pra mim sozinha. Não imaginei que a minha saudade seria tão grande. Acho que eu nem tava preparada pra sentir tanto a sua falta, pra sofrer tanto com a sua ausência. Passo o tempo inteiro desejando parar e te ligar: ouvir a sua voz por cinco minutos que sejam. Eu nem percebi quando foi que o teu som virou meu combustível.
E eu quero que você saiba de tudo isso, meu amor, porque eu quero que você fique bem. Eu quero que você acorde todos os dias com a certeza de que eu passei a noite abraçada na única parte de você que eu pude carregar comigo. Que você tenha a segurança de que não há mais ninguém no mundo pra mim, é você que na vida vai comigo agora. Eu quero que você sinta saudades também, mas que não se preocupe: eu vou ser sempre sua menina

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Consequências de uma noite sem dormir:

Mau-humor, cansaço, impaciência.
Preciso escrever, preciso fazer as malas, preciso dormir. NÃO PRECISO das pessoas me dizendo o que eu fiz ou deixei de fazer years ago, de pessoas gritando comigo por coisas que eu não tenho culpa, de pessoas mentindo. que porra. NÃO PRECISO que apontem os meus erros e defeitos, que me lembrem das minhas obrigações, que me desrespeitem como ser humano imperfeito que eu sou. Que todos somos. que porra.

São 5 horas da manhã

São 5 horas da manhã e não vejo o cristo da janela. Não vejo sol, não vejo lua, não vejo nada de tão embaçada minha vista cansada tá. Tô exausta e não aguento mais escrever sobre os problemas do mundo, sobre mísseis, sobre responsabilidades. Sobre coisas tão longe da minha realidade brasileira acomodada. Tô cansada de beber café na esperança de que seja esse o estímulo que minha mente precisa:
Taking it into consideration, we are-ady to contribu-to efforts nee-to guarantee the efficapplication... doctrine. Through-debates-Conference, hope mostseriouscrimes sérioscrimes that have plagued...plagued...plagued and still plague humanidade.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Tudo na minha pele vira cicatriz

Picture me: estou sentada num colchão no chão de um apartamento duplex praticamente novo em Caldas Novas. Os fones de ouvido tocam essa música que não sei se descrevem melhor a mim ou à mulher da minha vida. E os meus pensamentos são de quem eu sou, de como eu sou. São sobre o que me construiu durante toda a minha vida, até esse específico momento da minha existência, sentada nesse colchão.
Clarice Lispector bem escreveu em "minhas queridas" que até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. A partir disso eu penso no quanto eu fui podada e me podei por diversas razões. Eu penso no que eu poderia ser hoje se eu não tivesse dito não naquela específica vez em que me perguntaram o que eu queria, se eu tivesse respondido diferente sobre qual rumo tomar. Às vezes eu penso naqueles incidentes de criança, sabe? Na rotina na qual eu fui criada desde o primeiro momento em que eu respirei, na definição inflexível do que me ensinaram sobre o que era certo e errado. E penso na aceitação cega que eu alimentei até hoje. Eu não quero ser alguém que não sabe da razão de ser. Mas quem é que sabe?
Acho que é por isso que eu sou indecisa. Talvez eu esteja secretamente tentando me livrar da culpa de ter tomado a decisão errada, talvez eu esteja evitando a verdade de que abdicar o direito de tomar as próprias decisões é ainda pior do que errar.
Não viver é ainda pior do que ter cicatrizes.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

January 1st

Não sei e nem quero pensar no ano passado. No ano do dia de ontem. Eu costumava fazer um balanço do ano, ler o diário, alimentar aquelas sensações que ficaram em linhas escritas a caneta em páginas decoradas de dois mil e nove. Dessa vez eu vou fazer diferente, por mim e por vós e por mais aquilo que está onde as outra coisas nunca estão: vou guardar essa agenda em uma daquelas prateleiras altas do meu armário, dentro de uma caixa delicadamente decorada sem antes pensar no que me fez bem ou mal, sem ter que me lembrar do que passou. passou.
Eu criei esse blog pra esquecer de algumas coisas e pra alimentar umas outras, e tá claro no próprio título milimetricamente pensado que o que me interessa é no que há de ser;
e dois mil e dez há de ser excepcional.
Ano passado eu disse que queria que 2009 fosse o pior ou o melhor, mas que não fosse morno. Well, digo diferente pra este: que me faça viver tudo aquilo que valha a pena ser vivido.