Picture me: estou sentada num sofá no cafá da recepcao de um hotel um pouco mais luxuoso do que eu mereço, em Buenos Aires. Meus fones de ouvido tocando faz tanta a falta o teu amor (te esperar... nao sei viver sem te ter, nao dá mais pra ser assim), me excluem do resto das pessoas no cômodo. E esse é o meu ultimo dia aqui.
E eu vou sentir falta dessa cidade, com certeza. Ela é construída de detalhes com os quais eu não tenho certeza de que vou me acostumar a viver sem, de novo. Nem falo do jeito como eles me servem té con limón ou do starbucks sempre ao alcance nos momentos em que eu me sinto out of place, frequentemente proporcionados pelo meu espanhol porco. Falo do muro pichado com ser más humano, das propagandas nacionalistas, do jeito charmoso que um espanhol de verdade soa. Vou sentir falta do "holla, mi amor", o "e aí, gatinha?" argentino (mentira, nem vou sentir falta), e de um ou outro sorriso marcante. Vou sentir falta das fotografias lindas vendidas nas ruas, do tango em piso de pedras e do meu óculos de sol que deve ter ficado de presente pra alguma boa argentina loira dos olhos azuis muito mais merecedora do preço dele do que eu. Vou sentir falta do ar daqui, piadas a parte.
Vou ter saudades do romance das calles, das plazas. Do romance que até as coisas mais ínfimas carregam. Do romance dos olhares, das vozes, da modernidade e da antiguidade. Do romance que o casamento de tudo carrega.
um tango argentino me vai bem melhor que um blues.
Há 2 anos