Dois mil e onze. Eu fui quem eu deveria ser.
Assumi todas as responsabilidades que meus 18 anos me deram, mesmo que eu não precisasse. Me coloquei na posição que achei que me era esperada, passei no vestibular, me tornei uma universitária, tirei a carteira e vivi a minha própria vida, aos moldes do que me disseram pra viver. Talvez pela primeira vez eu tenha realmente tido o direito de tomar minhas próprias decisões, e eu estive pronta pras consequências delas a minha vida inteira. Fui ruiva. Fui infeliz e fui pra terapia.
Não dá pra dizer que foi um ano ruim, porque eu esperei estes dezoito anos para viver isso: a minha própria vida. Não dá pra explicar a sensação de perceber isso, ontem, ao completar meus dezenove anos; fui como uma criança que foi autorizada a comer os doces que estavam na mesa há anos, me tentando. Me esbaldei à princípio, me arrependi depois e fui colocada no meu lugar pela vida. Me tornei uma pessoa diferente daquilo que eu gostaria de dizer ter sido, e eu o vi acontecer.
Vivi muito, mas vivi tudo aquilo que queriam que eu vivesse. E foi extremamente doloroso e educativo.
Em agosto, porém, eu tomei a decisão de viver o que eu desejava, de ser quem eu sequer tinha coragem de ser.
Tranquei a faculdade, vou passar 3 meses imersa em mim mesma e no meu plano de ser pra depois, dia 31 de março, entrar em um avião com destino final em Barcelona. Meu namorado fica, minha mãe fica, e meu avô provavelmente fica pra sempre.
Em dois mil e doze, tudo que eu desejo é ir embora pra levar o amargo das nossas vidas.
E voltar para trazer o doce.
Há 2 anos