segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Saudade

sau.da.de
sf (lat solitate) 1 Recordação ao mesmo tempo triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las 2 Pesar pela ausência de pessoa querida 3 nostalgia.

Não posso dizer que é a pior dor do mundo. Mas é, sem dúvida, a mais incômoda, desconfortável, a mais constante. Eu me sinto simplesmente impotente em saber que não há nada a fazer pra amenizar essa dor em mim, ou nos outros. Não há anestésico que cure, assim como não há nada que maltrate mais do que essa incessante lembrança do que aconteceu, acompanhada pela esperança de que logo (ah, por favor, logo!) venha a ser substituída pela felicidade que existe só em olhar nos seus olhos ou pela calma que eu encontro no seu abraço. Me encho de saudade a cada respiração; não consigo esconder que tudo que eu quero é você aqui, e nós dois como sempre fomos, desde o primeiro dia, há três meses atrás.
(desde o primeiro dia, há sete anos atrás.)

sábado, 16 de janeiro de 2010

Ando à procura de espaço

Para o desenho da vida.
Tô me sentindo perdida no único lugar aonde eu poderia me encontrar. Não sei o que eu quero, não sei do que eu sou capaz. Só sei do que não gosto, alguém já falou antes de mim, e isso parece não ser o bastante; Tenho escrito mais cartas pra pessoas próximas do que pensamentos pra mim mesma - eu já não sei o que eu mesma quero ouvir, não sei que conselhos me dar. Eu tô perdida nas ruas aonde eu nasci. E são esses versos da canção excêntrica que é a minha vida, o meu único abrigo.
(ao menos enquanto eu só posso ouvir sua voz por telefone.)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

22:22hrs

Essas são as horas que meu relógio indica e eu tô em casa. Eu tô em casa mas poderia listar os lugares aonde eu queria estar nesse momento (com você), minha casa não é prioridade nem de longe, apesar do meu cansaço.
O que me incomoda em estar em casa é que eu tenho uma tonelada de responsabilidades, de obrigações. Eu tenho todas aquelas expectativas de quem eu devo ser, pesando sobre a minha cabeça. Eu tenho pouco mais de uma semana pra tomar decisões pro resto do meu ano. Mas, meu deus! Quem sabe qual é a decisão que vai me deixar presa nessa cidadezinha provinciana pro resto da minha vida? e qual a que vai me levar pra todos os lugares que eu quero conhecer?
E como é que o mundo espera que uma menina de dezessete anos consiga eleger aquilo que ela quer que reja todo o resto da vida dela? christ. Às vezes eu sinto que sou superestimada, sério. Mal sei conjugar o pretérito mais-que-perfeito e já querem que eu escreva a gramática.
(vou tentar parar de reclamar disso, juro.)

domingo, 10 de janeiro de 2010

Bons Ares

Picture me: estou sentada num sofá no cafá da recepcao de um hotel um pouco mais luxuoso do que eu mereço, em Buenos Aires. Meus fones de ouvido tocando faz tanta a falta o teu amor (te esperar... nao sei viver sem te ter, nao dá mais pra ser assim), me excluem do resto das pessoas no cômodo. E esse é o meu ultimo dia aqui.
E eu vou sentir falta dessa cidade, com certeza. Ela é construída de detalhes com os quais eu não tenho certeza de que vou me acostumar a viver sem, de novo. Nem falo do jeito como eles me servem té con limón ou do starbucks sempre ao alcance nos momentos em que eu me sinto out of place, frequentemente proporcionados pelo meu espanhol porco. Falo do muro pichado com ser más humano, das propagandas nacionalistas, do jeito charmoso que um espanhol de verdade soa. Vou sentir falta do "holla, mi amor", o "e aí, gatinha?" argentino (mentira, nem vou sentir falta), e de um ou outro sorriso marcante. Vou sentir falta das fotografias lindas vendidas nas ruas, do tango em piso de pedras e do meu óculos de sol que deve ter ficado de presente pra alguma boa argentina loira dos olhos azuis muito mais merecedora do preço dele do que eu. Vou sentir falta do ar daqui, piadas a parte.
Vou ter saudades do romance das calles, das plazas. Do romance que até as coisas mais ínfimas carregam. Do romance dos olhares, das vozes, da modernidade e da antiguidade. Do romance que o casamento de tudo carrega.
um tango argentino me vai bem melhor que um blues.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Pra você que eu sei que vai me ler.

Eu ia escrever sobre Buenos Aires. Sobre como aqui é lindo, sobre o jeito que eles falam espanhol, sobre como eles servem o café. Sobre prédios antigos e ruas famosas e tudo aquilo sobre o que uma turista quer falar. Mas não tá dando.
Porque eu passo pela Casa Rosada e lembro de você, num dia de chuva, me falando o quanto seria bom estar aqui. Passo pela Igreja Metropolitana e lembro como isso fez parte da sua vida, passo pelo Museu de Belas Artes, pela Floralis Generica, pelos cafés e te imagino aqui. Imagino seu riso alto, seus olhos verdes, você. Até o clima me faz lembrar você, vejo seu rosto em todos os lugares. Até minha cama parece grande demais pra mim sozinha. Não imaginei que a minha saudade seria tão grande. Acho que eu nem tava preparada pra sentir tanto a sua falta, pra sofrer tanto com a sua ausência. Passo o tempo inteiro desejando parar e te ligar: ouvir a sua voz por cinco minutos que sejam. Eu nem percebi quando foi que o teu som virou meu combustível.
E eu quero que você saiba de tudo isso, meu amor, porque eu quero que você fique bem. Eu quero que você acorde todos os dias com a certeza de que eu passei a noite abraçada na única parte de você que eu pude carregar comigo. Que você tenha a segurança de que não há mais ninguém no mundo pra mim, é você que na vida vai comigo agora. Eu quero que você sinta saudades também, mas que não se preocupe: eu vou ser sempre sua menina

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Consequências de uma noite sem dormir:

Mau-humor, cansaço, impaciência.
Preciso escrever, preciso fazer as malas, preciso dormir. NÃO PRECISO das pessoas me dizendo o que eu fiz ou deixei de fazer years ago, de pessoas gritando comigo por coisas que eu não tenho culpa, de pessoas mentindo. que porra. NÃO PRECISO que apontem os meus erros e defeitos, que me lembrem das minhas obrigações, que me desrespeitem como ser humano imperfeito que eu sou. Que todos somos. que porra.

São 5 horas da manhã

São 5 horas da manhã e não vejo o cristo da janela. Não vejo sol, não vejo lua, não vejo nada de tão embaçada minha vista cansada tá. Tô exausta e não aguento mais escrever sobre os problemas do mundo, sobre mísseis, sobre responsabilidades. Sobre coisas tão longe da minha realidade brasileira acomodada. Tô cansada de beber café na esperança de que seja esse o estímulo que minha mente precisa:
Taking it into consideration, we are-ady to contribu-to efforts nee-to guarantee the efficapplication... doctrine. Through-debates-Conference, hope mostseriouscrimes sérioscrimes that have plagued...plagued...plagued and still plague humanidade.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Tudo na minha pele vira cicatriz

Picture me: estou sentada num colchão no chão de um apartamento duplex praticamente novo em Caldas Novas. Os fones de ouvido tocam essa música que não sei se descrevem melhor a mim ou à mulher da minha vida. E os meus pensamentos são de quem eu sou, de como eu sou. São sobre o que me construiu durante toda a minha vida, até esse específico momento da minha existência, sentada nesse colchão.
Clarice Lispector bem escreveu em "minhas queridas" que até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. A partir disso eu penso no quanto eu fui podada e me podei por diversas razões. Eu penso no que eu poderia ser hoje se eu não tivesse dito não naquela específica vez em que me perguntaram o que eu queria, se eu tivesse respondido diferente sobre qual rumo tomar. Às vezes eu penso naqueles incidentes de criança, sabe? Na rotina na qual eu fui criada desde o primeiro momento em que eu respirei, na definição inflexível do que me ensinaram sobre o que era certo e errado. E penso na aceitação cega que eu alimentei até hoje. Eu não quero ser alguém que não sabe da razão de ser. Mas quem é que sabe?
Acho que é por isso que eu sou indecisa. Talvez eu esteja secretamente tentando me livrar da culpa de ter tomado a decisão errada, talvez eu esteja evitando a verdade de que abdicar o direito de tomar as próprias decisões é ainda pior do que errar.
Não viver é ainda pior do que ter cicatrizes.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

January 1st

Não sei e nem quero pensar no ano passado. No ano do dia de ontem. Eu costumava fazer um balanço do ano, ler o diário, alimentar aquelas sensações que ficaram em linhas escritas a caneta em páginas decoradas de dois mil e nove. Dessa vez eu vou fazer diferente, por mim e por vós e por mais aquilo que está onde as outra coisas nunca estão: vou guardar essa agenda em uma daquelas prateleiras altas do meu armário, dentro de uma caixa delicadamente decorada sem antes pensar no que me fez bem ou mal, sem ter que me lembrar do que passou. passou.
Eu criei esse blog pra esquecer de algumas coisas e pra alimentar umas outras, e tá claro no próprio título milimetricamente pensado que o que me interessa é no que há de ser;
e dois mil e dez há de ser excepcional.
Ano passado eu disse que queria que 2009 fosse o pior ou o melhor, mas que não fosse morno. Well, digo diferente pra este: que me faça viver tudo aquilo que valha a pena ser vivido.