Recentemente passei horas lendo uma reportagem de várias páginas sobre... beleza(?)
Não beleza Vogue, que insiste em te dizer que você precisa ter aquele Louboutin pra ser bonita, ou beleza Elle, que consegue achar solas vermelhas genéricas tão elegantes quanto. Não, eu tava lendo um questionamento disso.
Ok, eu aceito, velha discussão essa. Mas porque é que a gente insiste em ser aquela modelo magra, linda, perfeita, photoshopada, que não existe? A indústria de cosméticos e relacionados é a que mais cresce no Brasil: aquela mesma que vende cremes mágicos que “elimina linhas de expressão em horas”, que vende absorventes que prometem “neutralizar os possíveis odores naturais.” ou aquele desodorante que diz “te manter protegida por 24horas”. E cremes depilatórios, porque “veet sabe que você busca uma pele macia e lisinha a todo momento. “ pra se sentir “linda e sensual.”.
Desde quando beleza gira em torno de não ter expressão, não ter cheiro, não ter pêlos – não ser humana, em ser a Barbie ( by the way, literalmente de plástico!)? Desde quando a gente começou a realmente acreditar que essa beleza é o atributo mais importante de uma mulher?
Não, meu deus, não é natural levantar, escovar os dentes, e depois voltar pra cama pra beijar o seu namorado. Não é normal só querer começar o seu dia depois que você já estiver cheirando a sabonete e querer se encher daquele perfume que vai disfarçar esse cheiro que você adquire durante o dia, o seu cheiro. Não é normal achar que o bom hálito e só aquele que você fica depois da balinha de hortelã. Não é mesmo natural chegar aos quarenta morrendo pra colocar logo um botox pra disfarçar aquelas ruguinhas que denunciam a tua idade, tua vivência.
A gente chegou a um ponto crítico! Estamos todas iguais, nossa individualidade foi pro ralo junto com o primeiro banho do dia. Pelo que podemos ser diferenciadas se os nossos cabelos são todos imitações das ondas loiras da Gisele Bündchen, se nossos rostos são cobertos de maquiagem MAC, se nossas peles são todas tratadas com inúmeros cremes anti naturalidade e se nossos cheiros mais sutis cheiram todos ao mesmo desodorante?
Tão crítico que surge umas bizarrices como essa: www.smellmeand.com, é, cheiro de vagina. E a gente ainda fica achando que é do cheirinho do perfume do Marc Jacobs é que eles gostam...
Há 2 anos